PT
Mais um fim de semana e trago mais uma entrevista que chega do Norte do país.
Já são 10 os anos que HIONE dedicou às paredes do Porto, período em que o graff lhe trouxe amigos, paciência, calma...
Como maior influência para as suas peças destaca a música e o seu processo criativo passa pelo formato digital antes de ser transposto para as paredes.
Não pertencendo a nenhuma crew, para melhores parceiros de pintura elege Brok (que conheceu devido ao graff), Ecik e Tipo (que já conhecia muito antes de qualquer um dos três pintar).
Quando questionado sobre a sua melhor peça destacou uma antiga resultante de uma fase boa.
Fiquem com as suas respostas, para o conhecerem um pouco melhor.
Qual é o significado do teu tag?
O meu tag inicial “Hyho” tinha ligação com o meu nome pessoal, mas numa outra língua. Com o passar do tempo, troquei o “Y” por um “I” e adicionei o “one” diretamente ao tag. Daí surgiu o “Hione”.
Como era a cena no graffiti quando começaste?
Opá, acho que em 2013 / 2014 o movimento estava bem forte e ativo. Vias graff novo a aparecer diariamente, seja em train, fame ou bombing, o que inspirava quem estava a começar, como foi o meu caso. Se calhar a maior diferença para os dias de hoje, na minha opinião, é que antes vias pouco pessoal ativo mas a pintar muito, hoje em dia há mais diversidade e mais pessoal a pintar também.
Quais são as tuas crews?
Não tenho crew.
Quais são os teus spots / cidades preferidos?
Cidade do Porto em geral.
Em termos de spots posso-te dizer que já há uns aninhos para cá que sou fã de fábricas / armazéns abandonadas(os).
Numa palavra, como descreves o teu estilo?
Esta é difícil, mas talvez “vibrante” seja o melhor sinónimo. Digo isto porque gosto de usar cores fortes e intensas, numa composição de letras com diversas formas, formatos e padrões.
Como é o teu processo criativo e onde vais buscar as inspirações para as tuas peças?
Normalmente o meu processo criativo inicia-se com algumas ideias que me vão surgindo no dia a dia. Passo esses conceitos para o iPad e trabalho neles até me agradarem visualmente.
Talvez a música seja a a minha inspiração. Gosto de estar em casa, sentado no sofá, com o iPad e a caneta nas mãos, os fones nos ouvidos e a deixar a cena fluir.
Wall of fame, street bombing ou train bombing?
Fame é mais a minha praia, mas respeito e admiro quem faz bombing ou train.
Pintas com sketch ou freestyle?
90% das vezes sketch. Acho o trabalho de casa super importante e, como tento sempre dar uma peça diferente das anteriores, facilita-me imenso levar o esboço comigo.
O que não pode faltar num bom dia de pinturas?
Para um dia em grande, não pode faltar tinta, não podem faltar aqueles teus caps prediletos, não pode faltar aquela companhia para partir a parede, não pode faltar o teu amigo em volta do churrasco com aquela carne demais, não podem faltar umas frescas e não podem faltar aqueles cigarros de enrolar marroquinos.
Com que writers gostarias de fazer uma peça conjunta?
O que toca na tua playlist quando pintas?
Se pintar sozinho normalmente toca um rap tuga nos fones, mas quando tenho companhia a playlist somos nós na treta uns com os outros.
Qual é a tua lata preferida?
Apesar de não as usar frequentemente, gosto muito das black e das gold. As que mais uso são as 94.
Como descreves o panorama atual do graffiti em Portugal?
"Um pau de dois bicos" é a expressão que melhor arranjo. Por um lado, vejo uma constante evolução, cada vez mais pessoal novo a aparecer e a manter-se, novos estilos, novas ferramentas, cenas diferentes... Por outro lado, acho que existem muitas rivalidades que não são saudáveis para o graff, nem para o movimento.
Que diferenças encontras entre o graff do Norte e no resto do país?
Efetivamente, não sou a melhor pessoa para te responder a esta pergunta, mas, pelo que vejo, acho que em Lisboa o pessoal tens mais compaixão no graff, não só pela cultura em si mas também uns pelos outros.
Qual é o teu top 3 de writers portugueses?
E de writers estrangeiros?
Em termos de writers estrangeiros, gosto bastante do trabalho do Smugone, do Semor, do Plus, entre outros...
Qual é aquela peça que te falta fazer (pelo seu tamanho, local, …)?
A peça que por agora falta na caderneta e que já há algum tempo ando a pensar seria uma composição com o meu lettering, cartoons e realismo.
Tens alguma história que queiras partilhar?
Tenho algumas, mas há uma que acho uma certa piada. Em resumo, escolhi pintar numa parede que faz de vedação a um poste de antena de uma das operadoras móveis, no meio do monte, para trabalhar com calma na peça. Estava com mais duas personagens, mas era o único que estava a pintar. Nisto, um deles decide entrar na zona vedada e subir pelo poste acima, para fazer umas gravações estilo “drone”. Rimos muito, mas só até a GNR chegar e nos identificar aos 3. História com final feliz.
Quais são os teus planos / projetos futuros?
Não tenho grandes planos, apenas continuar ativo, aproveitar e deixar a cena fluir, como tem sido até agora.
Props?
Em primeiro lugar, um big props a ti, pelo convite e por este teu projeto, é de cenas assim que a cultura precisa. Depois, um props a todos os que pintam ou já pintaram comigo, porque, de alguma forma, ajudaram-me a evoluir e contribuíram no meu crescimento enquanto writer. Por último, um props a todos os que representam a cultura por amor à camisola.
Fotografias / Photos: Da Chic Thief
ENG
Another weekend and I bring you another interview from the north of the country.
HIONE has already dedicated 10 years to the walls of Porto, a period in which the graff brought him friends, patience, calm...
As a major influence for his pieces, he highlights music and his creative process goes through digital format before being transferred to the walls.
Not belonging to any crew, as the best painting partners he chooses Brok (who he met due to graff), Ecik and Tipo (who he already knew long before any of the three painted).
When asked about his best piece, he highlighted an old one resulting from a good period. Read his answers to get to know him a little better.
What does your tag mean? My initial tag “Hyho” was linked to my personal name, but in another language. Over time, I replaced the “Y” with an “I” and added the “one” directly to the tag. That’s where “Hione” came from. What was the graffiti scene like when you started? Hey, I think that in 2013/2014 the movement was very strong and active. You saw new graffiti appearing every day, whether in train, fame or bombing, which inspired those who were just starting out, as was my case. Maybe the biggest difference nowadays, in my opinion, is that before you saw few people active but painting a lot, nowadays there is more diversity and more people painting too. What are your crews? I don't have a crew.
What are your favorite spots/cities?
City of Porto in general. In terms of spots, I can tell you that I've been a fan of abandoned factories/warehouses for a few years now.
In a word, how do you describe your style? This is a difficult one, but perhaps “vibrant” is the best synonym. I say this because I like to use strong and intense colors, in a composition of letters with different shapes, formats and patterns. What is your creative process like and where do you get inspiration for your pieces? Normally my creative process starts with some ideas that come to me on a daily basis. I transfer these concepts to the iPad and work on them until they are visually pleasing to me. Maybe music is my inspiration. I like to be at home, sitting on the sofa, with the iPad and pen in my hands, headphones in my ears and letting the scene flow. Wall of fame, street bombing or train bombing? Fame is more my thing, but I respect and admire those who bomb or train. Do you paint with sketch or freestyle?
90% of the time sketch. I think homework is super important and, as I always try to create a different piece from the previous ones, it makes it really easy for me to take the sketch with me.
What can't be missed on a good painting day? For a big day, you can't miss paint, you can't miss your favorite caps, you can't miss that company to break the wall, you can't miss your friend around the barbecue with that much meat, you can 't miss some fresh and You can't miss those Moroccan roll-your-own cigarettes. Which writers would you like to do a joint piece with? Side by side, maybe with Mosaik. A joint wall perhaps with Dheo. What plays on your playlist when you paint? If I paint alone, I usually play tuga rap on my headphones, but when I have company, the playlist is us fighting with each other. What's your favorite can?
Even though I don't use them often, I really like the black and gold ones. The ones I use most are the 94.
How would you describe the current graffiti scene in Portugal? "A stick with two tips" is the expression I come up with best. On the one hand, I see a constant evolution, more and more new people appearing and staying, new styles, new tools, different scenes... On the other hand, I think there are a lot of rivalries that are not healthy for graff, nor for movement. What differences do you find between the north graff and the rest of the country? Actually, I'm not the best person to answer this question, but, from what I see, I think that in Lisbon people have more compassion in Graff, not only for the culture itself but also for each other. What is your top 3 Portuguese writers? I don't think it's a top 3, for me it's the three top 1s: Mr. Dheo, Bray1, Odeith. And foreign writers?
What is that piece you still need to make (due to its size, location,…)? The piece that is currently missing from the notebook and that I have been thinking about for some time would be a composition with my lettering, cartoons and realism. Do you have a story you want to share? I have a few, but there is one that I think is a bit of a joke. In short, I chose to paint on a wall that serves as a fence for an antenna pole from one of the mobile operators, in the middle of the hill, to work calmly on the piece. I was with two other characters, but I was the only one painting. As a result, one of them decides to enter the fenced area and climb the pole above, to make some “drone” style recordings. We laughed a lot, but only until the GNR arrived and identified us at 3. Story with a happy ending. What are your future plans/projects?
I don't have any big plans, just to stay active, enjoy and let the scene flow, as it has been until now.
Greetings / thanks?
Firstly, a big props to you, for the invitation and for this project of yours, these are scenes like this that culture needs. Then, a prop to everyone who paints or has painted with me, because, in some way, they helped me evolve and contributed to my growth as a writer. Finally, a props to everyone who represents culture for the love of the shirt.
Conheço o hione desde os meus 8 anos de idade, fico feliz ao ver o seu trabalho e o progresso que ele teve ao longo dos anos .
Um abraço do teu amigo cowboy