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É fácil encontrar as peças de SISMO espalhadas pelo Barreiro. É naquela cidade da Margem Sul que o writer gosta de pintar, habitualmente na companhia de Another, Plus ou Shon (seus companheiros de crews).
O lettering de há uns anos deu lugar a composições mais abstratas, que remetem para aquilo fazia na adolescência.
As suas peças foram fáceis de encontrar, já a entrevista demorou algum tempo... 4 anos depois de termos abordado o assunto, aqui estão as suas respostas.
Qual o significado do teu tag?
O nome surgiu em 2002 da tentativa de criar uma banda de Rap com um amigo. Na altura, o seu significado era um abanar de alicerces, no sentido de "abanar" as mentes para os podres da sociedade capitalista em que vivemos. Acabou por ficar como meu tag, "Sismo".
Tens formação em arte?
Não, não tenho nenhuma formação em arte. O que aprendi foi maioritariamente com o pessoal com quem pinto.
Quando começou o teu interesse pelo graffiti e quais foram as tuas influências na altura?
Com 19 anos (em 2001), fui viver para Beja. Foi onde conheci o Graffiti, para o qual despertou o meu interesse, e onde também conheci alguns writers, o que me fez ver e conhecer um pouco do próprio movimento por dentro. Depois em 2002, quando voltei para o Barreiro, vivia perto do Another e foi com ele que comecei a pintar, já lá vão uns aninhos.
Como era a cena no graffiti quando começaste?
Era muito diferente, éramos poucos, não havia redes sociais, só conhecias o trabalho de algum writer mesmo nas paredes. Era mais puro, na minha opinião.
Ao mesmo tempo, é com enorme prazer que vejo o patamar que o movimento atingiu e o já ser visto como arte, desde que não perca a essência de rua.
Quais são as tuas crews?
M.S., A.D.C e W.R.S (fundador das 3).
Quais são os teus spots / cidades preferidos?
Adoro pintar no Barreiro, a minha cidade. É onde mais gosto de espalhar os meus
desenhos.
Wall of fame, street bombing ou train bombing?
Durante anos o que mais gostava era Street Bombing, a adrenalina era demais. Agora gosto mais de Fames, do convivio, de conhecer outros writers. É sempre agradável e o facto de pintar com tempo faz toda a diferença para mim.
Como é o teu processo criativo e onde vais buscar as tuas inspirações?
Normalmente é um pouco de improviso, depois vou juntando elementos e tento criar uma harmonia dentro do choque de formas e cores.
Pintas com sketch ou freestyle?
Quase sempre freestyle, poucas vezes levei algo na folha como base para um graff. Vou sempre alterando a base que tinha em mente no processo, pode-se dizer que é esse o meu método.
Qual é a tua lata preferida?
As minhas latas favoritas são as Black e as Gold da Montana, a baixa pressão ajuda bastante.
Qual é o teu top 3 de writers portugueses?
E de writers estrangeiros?
Preferes pintar sozinho ou em grupo?
No inicio, cheguei a pintar muitas vezes sozinho, mas sempre gostei mais de pintar em grupo. Normalmente o pessoal saía à noite e depois íamos pintar. Agora, com a idade, o sair à noite é mesmo para pintar.
Com que writer / artista gostarias de fazer uma peça conjunta?
Não é fácil escolher, mas gostava muito de fazer uma colaboração com o Another e com o Naré, são artistas de que aprecio muito o seu trabalho e são grandes amigos também.
Gostava também de continuar a fazer colaborações com o Grow, que já fizemos duas para exposições dele.
O que toca na tua playlist quando pintas?
Principalmente Hip Hop e Reggae, são os meus estilos favoritos e para pintar não há nada melhor.
Como descreves o panorama atual do graffiti em Portugal?
Muito bom, muita malta e com muito bom nível. Já se vê graffiti em todo o lado. Nos últimos anos, na minha opinião, houve um grande boom de pessoal a pintar e a qualidade e variedade dos artistas é muita grande.
Qual é a tua peça favorita?
Na quinzena da Juventude 2010/2011, no Nicola, em frente à estação Barreiro A, foi uma peça em conjunto com o Shon. E recentemente foi uma das minhas peças abstratas no mesmo muro. Mas acredito que a melhor ainda está por fazer.
Quais são os teus planos / projetos futuros?
Continuar a pintar, explorar formas e cores.
O próximo projeto é uma pintura no quarto do meu filho.
Tens alguma história que queiras partilhar?
Acho que a mais engraçada foi a que estava com mais 2 membros da A.D.C. (Another e
Captain) em Alhos Vedros quando apareceram dois miúdos acompanhados pela G.N.R. a gritar que os tínhamos roubado. Ficámos sem reação, sem ideia alguma do que se passava. Quando os miúdos se aperceberam que não tínhamos sido nós, seguimos todos os nossos caminhos, nós continuámos a pintar e a G.N.R. com os miúdos nas suas buscas pelos ladrões.
Props?
E a ti, pela oportunidade da entrevista e a paciência pela demora.
Fotografias / Photos: Sismo & Da Chic Thief
ENG
It's easy to find SISMO pieces scattered around Barreiro. It is in that city on the South Bank that the writer likes to paint, usually in the company of Another, Plus or Shon (his crewmates).
The lettering of a few years ago gave way to more abstract compositions, reminiscent of what I did as a teenager.
His pieces were easy to find but the interview took a while... 4 years after we started talking about the interview, here are his answers.
What does your tag mean? The name came about in 2002 from an attempt to create a Rap band with a friend. At the time, its meaning was a shaking of foundations, in the sense of "shaking" the minds of the rotten people of the capitalist society in which we live. It ended up being like my tag, "Sismo". Do you have training in art? No, I don't have any training in art. What I learned was mostly from the people I paint with. When did your interest in graffiti begin and what were your influences at the time?
At the age of 19 (in 2001), I went to live in Beja. That's where I discovered Graffiti, for which sparked my interest, and where I also met some writers, which It made me see and learn a little about the movement itself from within. Then in 2002, when I returned to Barreiro, I lived close to Another and it was with him that I started painting a few years ago.
What was the graffiti scene like when you started?
It was very different, there were few of us, there were no social networks, you only knew the work of some writer right on the walls. It was purer, in my opinion. At the same time, it is with great pleasure that I see the level that the movement has reached and that it is now seen as art, as long as it does not lose its street essence.
What are your crews?
M.S., A.D.C and W.R.S (founder of the 3).
What are your favorite spots / cities?
I love painting in Barreiro, my city. It's where I like to spread mine most designs.
Wall of fame, street bombing or train bombing?
For years what I liked most was Street Bombing, the adrenaline was too much. Now I like Fames more, the socializing, meeting other writers. And always pleasant and the fact that I paint over time makes all the difference to me.
What is your creative process like and where do you get your inspiration?
Usually it's a bit of improvisation, then I add elements and I try to create harmony within the clash of shapes and colors.
Do you paint with sketch or freestyle?
Almost always freestyle, a few times I used something on the sheet as a basis for a graph. You always change the basis you had in mind in the process, you can say that this is my method.
What's your favorite can?
My favorite cans are the Black and Gold from Montana, low pressure helps a lot.
What is your top 3 Portuguese writers?
It's difficult, there are so many good ones, but three of the ones I like most are Mar, Youth and Sen.
And foreign writers?
Do you prefer to paint alone or in a group?
At first, I often painted alone, but I always liked it more paint in groups. Normally people would go out at night and then we would paint. Now, with age, going out at night is really for painting.
Which writer/artist would you like to do a joint piece with?
It's not easy to choose, but I would really like to collaborate with Another and with Naré, they are artists whose work I really appreciate and they are great friends too.
I would also like to continue collaborating with Grow, of which we have already done two for his exhibitions.
What plays on your playlist when you paint?
Mainly Hip Hop and Reggae, they are my favorite styles and for painting there is nothing better.
How would you describe the current graffiti scene in Portugal?
Very good, lots of people and a very good level. You can already see graffiti everywhere. In recent years, in my opinion, there has been a huge boom in people painting and the quality and variety of artists is great.
What is your favorite piece?
In the 2010/2011 Youth Fortnight, at Nicola, in front of Barreiro A station, there was a joint performance with Shon. And recently it was one of my abstract pieces on the same wall. But I believe the best is yet to be done.
What are your future plans/projects?
Continue painting, exploring shapes and colors.
The next project is a painting in my son's room.
Do you have a story you want to share?
I think the funniest one was the one with 2 other members of A.D.C. (Another and Captain) in Alhos Vedros when two kids appeared accompanied by the G.N.R. screaming that we had stolen them. We were left with no reaction, no idea what was going on. When the kids realized that it wasn't us, we went our separate ways, we continued painting and G.N.R. with the kids in their search for the thieves.
Greetings / thanks?
And to you, for the opportunity for the interview and your patience during the delay.
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