Natural de Almada, KLIT é imediatamente identificado pelas suas composições altamente estilizadas, elipses e veios que parecem florescer e fluir de um centro cósmico.
Em 1998, ao terminar o secundário, começou a trabalhar no estúdio de animação Magic Toons, no qual conheceu Gonçalo Mar e Roket (que lhe abriu as portas para o mundo do graffiti).
A sua paixão são as letras (sim, são letras e não flores) e o K é a sua preferida.
O respeito e admiração que ganhou na rua têm sido consolidados, nos últimos anos, com a produção de "hall of fames" e a participação em exposições coletivas e individuais.
Do seu currículo faz parte o lançamento das exposições "Visual Street Performance", em 2005, uma exposição individual em Londres na "New Cross Gallery", em 2008, e a abertura da Montana Shop Gallery Lisboa, em 2010.
A sua Thunders Crew comemorou recentemente o 10º aniversário.
De onde apareceu o teu tag?
No início, acho que estava no 12º ano, com 18 anos (isto em '98), começou malta a tagar lá na escola e eu comecei a ter interesse (porque era de Artes e sempre gostei de graffiti) e tinha um gajo da minha turma que também já fazia graffiti no Miratejo. E, então, comecei a procurar letras. Uma das letras que eu sempre gostei é o K, o resto foi um bocado na palhaçada com o pessoal da altura (18 aninhos, já sabes como é que é) e o Klit veio da parte do clitóris (risos). Mas foi mesmo na palhaçada, porque eu quando comecei a fazer graffiti nunca pensei na parte política (que havia muitos murais em Almada relacionados a política, mas eu nunca fui por aí), foi mais tipo palhaçada com os
amigos, porque para mim graffiti é mesmo amizade. Eu pinto com toda a gente, dou-me bem com toda a gente, não quero stresses com ninguém. É isso que me preocupa, que gostem e que me respeitem. A palavra Klit veio através dessas brincadeiras e olha eu sempre quis fazer o K e ficou Klit, porque clitóris não é com K é com C. E, daí, é uma brincadeira.
Quando é que começou o teu interesse pelo graffiti e quem estava aqui na zona nessa altura que te possa ter influenciado?
Já existia a Youth Bomber Squad, que era o Time, o Fraze, o Oxi, o Hium, essa malta que maior parte deles tinham bandas de hardcore aqui em Almada. Eu ia muitas vezes ao Ponto de Encontro aos concertos e comecei a conhecê-los e outros conheci da escola (como o Min, que era muito amigo do Oxi). Mas a fazer mesmo graffiti, quem me desbloqueou mesmo a veia artística para o graffiti foi o Roket (como o Gonçalo Mar), porque nós começámos a trabalhar num estúdio de animação em '98 (foi quando eu saí do 12º ano) e ele já fazia trabalhos mesmo, não era só bombing nem era só graffiti normal, fazia mesmo trabalhos para lojas e escolas e coisas assim, e ele é que me começou a encaminhar para o que havia de fazer, o que não devia fazer, e eu só tenho a agradecer ao Roket por isso. Ele já deixou de pintar e eu, entretanto, continuei. Mas respeito sempre muito o Roket.
És natural aqui de Almada e as Galerias eram o teu local de treino. Como era a cena naquele local e que nomes sonantes passaram por lá?
Epá, veio cá muita gente estrangeira. Cada vez que ficavam na casa de alguém aqui de Almada, íamos todos lá pintar. Muitos espanhóis (os Xlargos), o Ponk (inglês), o Sague (também espanhol). Pá, estiveram cá muitos... o Sumo (do Luxemburgo). Eles vinham de férias, combinavam connosco (na altura do Fotolog e Messenger e coisas assim da vida), encontravam-se connosco aqui em Almada e ficavam na nossa casa.
E nós tínhamos uma coisa na altura, todos os sábados 3 ou 4 juntavam-se para pintar nas Galerias. E foi aí que houve uma evolução muito grande da nossa crew e do pessoal aqui de Almada, porque a prática faz o mestre, e foi daí que saíram nomes como eu, como o Hélio Bray, porque nós pintávamos quase todos os sábados.
Nessa altura, passaste por uma série de crews sonantes aqui na zona até chegares aos LEG.
Mais ou menos. Eu comecei a pintar com o Roket, como eu disse, mas nunca fiz uma crew com o Roket.
Eu tinha uma crew com um rapaz que jogava comigo no Corroios, que eu era jogador da bola, que era o East na altura (depois foi o .com). Nós fizemos a primeira crew que eu tive, que era BWB (Baywatch Bombers). Mais palhaçada, porque eu escrevia quase sempre ao lado do graff a dizer "Save me, Mitch!".
Depois formou-se uma crew de malta de Almada e da Cruz de Pau, éramos os PVS (hoje em dia, eram os LEG com os HF). E separámo-nos.
Entretanto, quando se separaram os PVS, houve uns que se juntaram para formar os LEG, que era eu, o Hium, o Oxy e o Image. Fizemos nós os quatro e depois começámos a convidar malta mais próxima.
Entretanto, por ocorrências da vida, os LEG também se começaram a separar, uns porque foram viver para Lisboa, outros porque casaram, por muita coisa, e começámos a crescer, claro, porque éramos uma crew de miúdos, e surgiram os THUNDERS. E hoje em dia sou THUNDER e acho que THUNDERS é para a vida, porque temos elementos com 50 anos.
Também fizeste parte do Colectivo VSP. Qual foi o conceito que esteve por trás desse projeto?
Epá, nós queríamos passar o graffiti para uma parte mais comercial, mais artística também, em que pudéssemos vender os nossos projetos, as nossas telas, porque todos nós fazíamos muito trabalho de casa, e para evoluir também.
E os LEG, na altura, começámos-nos a juntar e fizemos uma seleção dos 7 writers que foram.
Tivemos a necessidade de mostrar o que o pessoal do graffiti conseguia fazer também em galerias, coisa que ainda não existia em Portugal. Hoje em dia há exposições quase todas as semanas e na altura a malta do graffiti juntava-se toda naqueles eventos. A VSP era uma cena anual e toda a gente se juntava para isso.
Tens noção de em quantos países já pintaste? Houve algum evento que te tenha marcado?
Há histórias, há umas quantas histórias (risos).
Eu já os considero praticamente família, os XLargos. Fui várias vezes a Vitória, a
Pamplona, a Bilbao, mesmo a Sevilha. Fomos à Polónia também (com o Fedor, na altura era o Blast). Fui a França, a Marselha, a um evento em que os writers pintavam telas (estava lá montes de malta). Já fiz uma exposição sozinho numa galeria de Londres, que também já não existe (New Cross Gallery).
Tenho uma história engraçada de uma jam a que fui convidado para ir lá a Londres. Aquilo era num festival que ainda existe, acho eu (o Love Box), em que conseguiram juntar lá o Meeting of Styles e eu fui convidado. Cheguei lá, eu entro dentro do evento, estava lá malta para me receber, olharam para mim e disseram assim: "Só tens mochila? E a tenda?". E, então, era para levar tenda, eu não li essa parte do email e dormi três noites ao relento em Londres, a pintar. E quando eu perguntei "Como é que nós tomamos banho?", eles disseram: "Estamos aqui há uma semana e ainda não tomámos banho". Essa jam marcou-me pelo pior. Mas foi fixe, conheci muita malta: o Inky que é um astro do graffiti em Londres, o Xenz que partilhámos parede e mais tarde foi convidado para vir a uma VSP, estavam lá os Mclaine, o Seek que, na altura,
era um gajo que eu admirava muito, os CNS. Gostei muito de estar lá a pintar, mas foi complicado.
O que puxa por ti hoje em dia? Wall of Fame, Bombing ou Trains?
Eu sempre adorei fazer bombing. O bombing corre mesmo nas minhas veias, porque aqui em Almada... em Lisboa havia muito a cena do black e silver e nós queríamos fazer cenas com cores e trabalhávamos mesmo os bombings e sempre adorei fazer bombing e hoje em dia já não tenho feito, por causa da vida (uma pessoa cresce, filhos, trabalho e isso) e agora já não tenho tanto tempo para sair à noite para pintar, mas é o que eu gosto mesmo do graffiti, é fazer bombing. Umas boas cores, aquela cena rápida que tu passas lá no dia a seguir e levas com a chapada, é mesmo a minha cena.
Fame é o mais easy para fazer, juntas-te com os teus buddies e pintas. É a escapatória do graffiti.
Então e trains? Ouvi dizer que pintavas antigamente...
Muito, muito (risos). Era 2S / 3D também. Era uma crew de bombing, começámos com 2S (a malta de Almada) e depois juntámo-nos com os 3D de Lisboa. Nessa altura, nós controlávamos umas quantas estações em que nós pintávamos muito. Todas as semanas pintávamos comboios.
Mas, apesar de eu gostar da adrenalina de pintar comboios, nunca foi a minha cena. Porquê? Porque eu ficava frustrado de não chegar às janelas, eu sou baixinho (risos). E
eu queria sempre fazer grande e via-me à rasca. Quando apanhava estações com plataforma fazia a minha festa.
Pintas com sketch ou freestyle?
Epá, freestyle é a minha cena. Eu gosto de beber um bocadinho daqui e dali da parede e dos espaços dos outros também. Eu gosto de sentir o que é que os outros estão a fazer, quando estão a pintar ao meu lado, para poder pôr uma pecinha para cima deles ou eles para cima de mim, juntar os fundos, utilizar a mesma cor no fill in, essas coisas eu gosto.
O sketch faz parte, porque evoluis muito. Eu gosto muito de desenhar para mim, tenho cadernos e cadernos com cenas desenhadas. Não sou viciado em desenhar mas eu gosto de chegar à parede e pensar "o que é que vou fazer aqui". Porque não tens nunca a noção no papel de como é que vai funcionar na parede.
O projetor, por exemplo, ou os doodle grids, é bom mas eu não consigo utilizar isso. Eu gosto de sentir a parede, gosto de pensar o espaço onde vai caber o K e o que é que vai acontecer depois do K. Não penso na peça toda, porque eu preocupo-me é com o total da parede, não é com a minha peça ou o meu estilo. Isso para mim não faz sentido.
Mas afinal pintas letras ou flores?
Isso é o paradigma das minhas coisas, porque eu nunca quis que as letras parecessem flores. Realmente, eu nunca quis isso, mas as formas que eu sempre fiz e com que sempre me identifiquei eram mais florais. Porque eu, no início, comecei a aproximar mais as letras de insetos e não sei se foi a partir dos insetos que as folhas foram aparecendo. Mas não foi uma coisa estudada nem pensada, foi uma simbiose da minha orgânica, só isso.
Para além de flores (risos), onde vais buscar as influências para as tuas peças?
É como eu estava a dizer, a parte dos insetos, a fauna e flores, pronto. Vá, vocês gostam que eu diga que faço flores; o Fraude está-me sempre a dizer "Faz aí uma flor". Por isso é que eu tive o meu site (Letters not flowers), porque eu preocupava-me era em fazer letras, mas a cena acabava a ir para aí, não tenho culpa.
Como é o teu processo criativo?
Eu já desenhei mais, não vou dizer que desenho muito. O pessoal da minha crew está sempre com o Procreate, como têm todos Ipad. Eu ainda faço tudo à mãozinha, sou aquele que pega num lápis HB e vou lá com os marcadores a seguir.
Mas gosto de desenhar, porque quando comecei a trabalhar no estúdio de animação eu passava das 9 da manhã até às 6.30 da tarde a desenhar desenhos animados, personagens e coisas assim, e aí houve uma evolução da minha mão e da informação que o cérebro passa para a mão e comecei aí a traçar as letras, primeiro mais quadradas e depois mais orgânicas. Hoje em dia as formas saem-me naturalmente.
Então, quer dizer que a arte e o gosto pelo desenho já vem desde criança.
Sim, sempre estive em Artes. Do 10º ano ao 12º estive sempre em Artes. Depois não consegui entrar na universidade e comecei a trabalhar no estúdio de animação.
Comecei a fazer graffiti e só aos 30 é que tirei o curso de Design na Faculdade de Arquitetura de Lisboa.
O que toca na tua playlist quando pintas?
Ui, barulho. Sou adepto de sons muito barulhentos. Ouço deathcore, não sou de hip hop. Hip hop não entra nem que a vaca tussa.
Para mim graffiti não é hip hop, para mim graffiti vem da arte. Quando vamos ver o início do graffiti em NY, com o Keith Haring e o Basquiat, todos gostavam de punk, não havia hip hop. O hip hop, se calhar, veio agarrado com a parte comercial. E o pessoal
que eu conheci do graffiti, aqui na Margem Sul, em Almada, quase todos tinham bandas de hardcore (o Time, o Hium, o Roket).
Tens alguma peça favorita? Qual foi o local mais incrível em que já pintaste?
Gostei muito de pintar em Marselha, com muitos bons writers franceses. Foi mesmo encostado ao mar e nós podíamos pintar meia hora, dar um mergulho e voltar. Era um paredão gigante na praia de Marselha. Foi dos sítios mais bonitos em que pintei.
A peça preferida... eu gosto de todas e gosto mais daquelas que ainda vou fazer. Mas a que me marcou mais, em termos artísticos, foi o prédio que eu pintei no Bairro dos Lóios, em Chelas. Porque foi um prédio de nove andares que fiz sozinho, numa semana, e eu sei os banhos de Voltaren que tive que tomar nos braços, porque aquilo era muito grande. E era muito ventoso e, com a máquina subida até ao último andar, aquilo custou um bocadinho. Mas não tenho medo de alturas, por isso está-se bem.
Como te sentes a pintar há tantos anos com os Thunders? Com quem gostavas de pintar um dia?
Com os Thunders é muito fácil. Eu não os vejo como artistas individuais, são meus irmãos. Mesmo o Mosaik que eu conheci... não sei se foi depois do Bray e do Chure, mas em termos diferentes, o respeito pela pessoa é superior ao respeito por aquilo que ele faz na parede. Então, gosto mais deles como pessoas do que propriamente como writers. Por isso, é muito fácil pintar com eles. Eu quando pinto, não é nenhuma battle, eu não quero que a minha peça seja melhor do que a dos outros. Sei os meus limites, sei o que gosto de fazer, não estou preocupado com isso.
Eu quero pintar com toda a gente. Não quero dizer nenhum nome, porque adoro pintar com muita gente. Mesmo com malta que já não faz graffiti puro e duro, como o Tiago Hesp. O Tiago sempre foi dos meus gajos preferidos ali do Miratejo.
Depois de tantos anos, o que te mantém forte na tua ligação ao movimento?
Isso é difícil de estar a explicar-te. Eu vivo o Graffiti, por isso é que gosto de conhecer a malta nova que começou a pintar agora. Não gosto de ser uma influência para eles, não é isso que me motiva, mas gosto de mostrar o que a gente fazia, como é que fazemos, as preocupações que nós temos. Mesmo o respeito de quando vamos crossar uma parede, saber quem é que lá esteve a pintar, por exemplo. E eu gosto dessa parte, essa parte didática, gosto de falar com a malta que está a começar agora, não quero ser um chato, mas gosto muito dessa parte.
Mas a amizade é que me motiva para continuar a pintar. A minha crew, somos irmãos. Mesmo o Hélio Bray e o Chure, que eu conheci-os nas Caldas da Rainha, numa jam, e eles são daqui de Azeitão e eu sou de Almada. E houve um dia que combinámos (não me lembro se foi pelo messenger), fui ter com eles a Azeitão para pintarmos e, a partir daí, começámos a pintar muitas vezes. Entretanto, eles entraram para os LEG e continuámos. É irmãos for life.
Assim, de uma assentada, qual é o teu top 3 nacional? E estrangeiro?
Epá, top... O que é que é o top?
Os mais marcantes para ti.
Isso é muita complicado de dizer. Porquê? Porque somos todos diferentes. Eu gosto um pouco de uns e um pouco dos outros. Pá, é muita difícil fazer um top.
E é top porquê? As pessoas dizem que um writer, o verdadeiro writer, tem de ser um gajo completo. Se formos fazer um top, o gajo tem de ser completo. Não é por ter umas letras bonitas e depois não sabe tagar. Não é por fazer uns grandas hall of fame e depois não faz bombing.
Epá, tops eu não quero dizer ninguém.
Estrangeiros gosto de individualidades, claro. Há malta que eu gosto bastante. O Miedo (o espanhol), o Sofles, malta antiga também (Seak, Daim, etc), mesmo trabalhos bons dos Mclaine (que não é o meu estilo, porque eu gosto mais de apreciar coisas que eu não ia fazer), é por aí. E há malta que faz cenas que eu nunca na vida ia fazer, eu dou mais valor a essa malta. Mesmo o Roid, adoro malta do figurativo também. O Sague, o Aryz, que eu conheci-os putos. O Pant que agora tem a exposição na Underdogs (eu conheci o gajo quando fazia 3D e adorei o gajo e hoje em dia já não faz, aquilo para mim não é graffiti).
Mas há malta muita boa. Mesmo o Dface de Londres, o Sickboy...
Eu gosto de tudo. Não gosto de fazer tops.
Qual é a tua opinião sobre o graff tuga e o que achas que pode melhorar?
Em termos individuais, há aí muita qualidade a aparecer. Mas eu penso que as paredes quando são com mais gente... eu dou mais valor quando uma parede fica muita bacana no total do que propriamente uma peça aqui e uma peça ali.
Mas há muita qualidade. Por exemplo, em Portugal eu sinto que, em termos de Hall of Fame, as crews que estão (não digo) mais fortes, porque são estilos diferentes, somos nós e os Rua. É o que é. Depois os alentejanos, os Drunk, também acho que eles estão a fazer um trabalho fixe. É malta porreira e estão a fazer a cena deles, como eles gostam e como eles sabem fazer, dou muito valor a isso.
Depois é mais individualismos, acho que é mais por aí. Porque em termos de crew, para aparecerem paredes fortes de crew, acho que a evolução não tem sido muito reforçada em Portugal.
E desta nova geração? Há alguém que tu sigas e aches que se vai destacar?
Talvez.
Tipo o Ridus, que entretanto faleceu?
Eu pintei com o Ridus no IRIAX. Mesmo aí eu sentia as peças dele. Quando eram paredes totais se calhar as peças dele eram boas.
Eu gosto do total da parede. Dou muito mais valor a uma parede pensada, todos com as mesmas cores, a fazer tudo uma boa mancha, do que propriamente a peça individual.
Mas sim, há muita qualidade a aparecer agora em Portugal. Que hoje em dia é mais fácil de nós atingirmos... Mesmo com o Dish, por exemplo, eu sinto que o Dish faz cenas fixes, gosto do estilo dele, as fatadas, mas eu sinto que falta qualquer coisa para as paredes dele. O Fire e o Mulog também. Eu gosto, mas depois vais ver um Hall of Fame deles e para mim não é um Hall of Fame, é uma parede (peça) boa deles. Percebes a diferença?
Qual é a tua mensagem para a nova geração de writers?
Eu acho que Graffiti é a junção de duas palavras: amizade e respeito. É a combinação perfeita, porque com os teus amigos fazes , com quem não conheces tens de ter respeito. E é por aí. Se respeitares os outros que também pintam consegues evoluir à tua maneira e os teus amigos vão puxar sempre por ti.
Qual é a história mais engraçada de todas?
Epá, tenho várias, tenho várias... sei lá. Saltar de uma casa alta do telhado, porque estive a fazer um rooftop, e quando bati com os tornozelos não conseguia andar. Fugas, então, tenho milhares de histórias, de estar a pintar e a polícia passar e dizer: "Viram uns rapazes aqui a pintar?" e eu dizer que não, fingir que estou a despejar o lixo quando estou a fazer um bombing em Almada e eles perguntarem: "Olhe, desculpe, o senhor viu uns rapazes a fugir?" e eu dizer "Não, não. Não passou por aqui ninguém".
São histórias que vamos vivendo todos os dias que vamos pintar.
Tu és um sneakerhead confesso. Já pensaste fazer uma coleção de ténis com o teu graff?
Eu fiz personalizações.
Mas uma linha inteira de ténis?
Sim, era menino para fazer isso, mas nunca surgiu.
Tive apoio da Reebok, na altura. Fui patrocinado por eles, eles davam-me ténis.
Mas, talvez, talvez assim uma marcazita. Se me quisesse fazer uma proposta dessas, eu acho que era engraçado.
Quais são os teus planos / projetos futuros?
Eu gosto de ser uma pessoa que vive no... não é no presente, mas com uma aproximação do futuro... Quero continuar a trabalhar e a viver a minha vida em família. Família tanto em casa como nos Thunders. Se houver projetos é para fazê-los.
Não tenho nenhuma ambição, não quero ser rico à conta do graffiti, porque isso não existe. Quer dizer, existe nas não para mim.
Props?
Dou para todos aqui do graffiti nacional.
Posso dizer para a minha crew, mas eles sabem que os props são sempre para eles.
Posso dizer para a malta aqui da Margem Sul, que não são só writers, também são meus amigos: Tiago Hesp, Chase, Tape, Fraude, Oxi. Sei lá, há tantos que eu posso dizer... o Time (meu padrinho espanhol).
E para o pessoal de Lisboa, também tenho muita gente que eu gosto bastante: o Rote, que é daqueles gajos que onde há graffiti ele está sempre lá, é daquelas pessoas que eu gosto; o Eko com a Dedicated, que faz muito pelo Graffiti; o Ram que é uma pessoa que eu respeito bastante e muito mais. É por aí.
Fotografias / Photos: Da Chic Thief, Klit & Thunders
ENG
Born in Almada, KLIT is immediately identified by his highly stylized compositions, ellipses and veins that seem to bloom and flow from a cosmic center.
In 1998, after finishing high school, he started working at the Magic Toons animation studio, where he met Gonçalo Mar and Roket (who opened the doors to the world of graffiti).
His passion is letters (yes, they are letters and not flowers) and K is his favorite.
The respect and admiration he gained on the street has been consolidated, in recent years, with the production of "hall of fames" and participation in collective and individual exhibitions.
His CV includes the launch of the exhibitions "Visual Street Performance", in 2005, a solo exhibition in London at the "New Cross Gallery", in 2008, and the opening of the Montana Shop Gallery Lisbon, in 2010.
His Thunders Crew recently celebrated its 10th anniversary.
Where did your tag come from?
At the beginning, I think I was in the 12th year, 18 years old (this was in '98), people started to talk there at school and I started to get interested (because I was in the Arts and I always liked graffiti) and there was a guy from my group that was also already doing graffiti in Miratejo. And then I started looking for lyrics. One of the letters I've always liked is K, the rest was a bit of a joke with people at the time (18 years old, you know what it's like) and Klit came from the clitoris part (laughs). But it was really about clowning, because when I started doing graffiti I never thought about the political part (there were a lot of murals in Almada related to politics, but I never went there), it was more like clowning with the friends, because for me graffiti really is friendship. I paint with everyone, I get along with everyone, I don't want stress with anyone. That's what worries me, that they like me and respect me. The word Klit came through these games and look, I always wanted to do the K and it became Klit, because clitoris is not a K, it's a C. And, then, it's a joke.
When did your interest in graffiti begin and who was here in the area at the time that might have influenced you?
There was already the Youth Bomber Squad, which was Time, Fraze, Oxi, Hium, these guys that most of them had hardcore bands here in Almada. I often went to Ponto de Encontro for concerts and started to get to know them and others I knew from school (like Min, who was a good friend of Oxi). But actually doing graffiti, the person who really unlocked my artistic streak for graffiti was Roket (like Gonçalo Mar), because we started working in an animation studio in '98 (it was when I left 12th grade) and he was already I actually did work, it wasn't just bombing or just normal graffiti, I actually did work for stores and schools and things like that, and he was the one who started guiding me on what I should do, what I shouldn't do, and I just have to thank Roket for that. He has already stopped painting and I, however, continued. But I always respect Roket a lot.
You're a native here in Almada and Galerias was your training place. What was the scene like there and what big names were there?
Wow, a lot of foreign people came here. Every time they stayed at someone's house here in Almada, we all went there to paint. Many Spaniards (the Xlargos), the Ponk (English), the Sague (also Spanish). Man, a lot of people were here... Sumo (from Luxembourg). They came on vacation, met with us (at the time of Fotolog and Messenger and things like that), met with us here in Almada and stayed at our house.
And we had something at the time, every Saturday 3 or 4 people got together to paint in the Galleries. And that's when there was a huge evolution of our crew and the people here in Almada, because practice makes a master, and that's where names like me, like Hélio Bray, came from, because we painted almost every Saturday.
At that time, you went through a series of famous crews here in the area until you reached LEG.
More or less. I started painting with Roket, as I said, but I never made a crew with Roket.
I had a crew with a boy who played with me at Corroios, where I was a soccer player, which was the East at the time (later it was the .com). We did the first crew I ever had, which was BWB (Baywatch Bombers). More clownish, because I almost always wrote next to the graffiti saying "Save me, Mitch!".
Then a crew of people from Almada and Cruz de Pau was formed, we were the PVS (nowadays, they were the LEG with the HF). And we separated.
However, when PVS split up, there were some who came together to form LEG, which was me, Hium, Oxy and Image. The four of us did it and then we started inviting the closest people.
However, due to life events, LEG also started to separate, some because they went to live in Lisbon, others because they got married, for many reasons, and we started to grow, of course, because we were a crew of kids, and THUNDERS emerged. And nowadays I'm THUNDER and I think THUNDERS is for life, because we have elements that are 50 years old.
You were also part of Colectivo VSP. What was the concept behind this project?
We wanted to move graffiti towards a more commercial, more artistic aspect too, where we could sell our projects, our canvases, because we all did a lot of work from home, and to evolve as well.
And LEG, at the time, we started to get together and made a selection of the 7 writers that were there.
We needed to show what graffiti people could do in galleries, something that didn't yet exist in Portugal. Nowadays there are exhibitions almost every week and at the time the graffiti crowd all came together at those events. VSP was an annual event and everyone got together for it.
Do you know how many countries you have painted in? Was there an event that left an impression on you?
There are stories, there are a few stories (laughs).
I practically consider them family now, the XLargos. I went to Vitória several times, Pamplona, Bilbao, even Seville. We went to Poland too (with Fedor, at the time it was Blast). I went to France, to Marseille, to an event where writers painted canvas (there were loads of people there). I already had an exhibition alone in a gallery in London, which also no longer exists (New Cross Gallery).
I have a funny story about a jam I was invited to go to in London. That was at a festival that still exists, I think (Love Box), where they managed to bring Meeting of Styles together and I was invited. I got there, I entered the event, a lot of people were there to welcome me, they looked at me and said: "Do you only have a backpack? And the tent?". And then, I was supposed to take a tent, I didn't read that part of the email and I slept outside for three nights in London, painting. And when I asked, "How do we shower?" they said, "We've been here a week and we haven't showered yet." That jam marked me the worst. But it was cool, I met a lot of people: Inky who is a graffiti star in London, Xenz who we shared a wall with and was later invited to come to a VSP, the Mclaines were there, Seek who, at the time, It was a guy I really admired, the CNS. I really enjoyed being there painting, but it was complicated.
What drives you these days? Wall of Fame, Bombing or Trains?
I’ve always loved bombing. Bombing really runs through my veins, because here in Almada... in Lisbon there was a big black and silver scene and we wanted to do scenes with colors and we really worked on bombing and I always loved doing bombing and nowadays I haven't done it anymore , because of life (a person grows, children, work and so on) and now I don't have as much time to go out at night to paint, but that's what I really like about graffiti, is doing bombing. Some good colors, that quick scene that you go there the next day and get stoned, that's really my scene.
Fame is the easiest to do, get together with your buddies and chicks. It's the escape from graffiti.
So what about trains? I heard you used to paint...
Very, very much (laughs). It was 2S/3D too. It was a bombing crew, we started with 2S (the guys from Almada) and then joined up with 3D from Lisbon. At that time, we controlled a few seasons in which we painted a lot. Every week we painted trains.
But, although I like the adrenaline of painting trains, it was never my thing. Why? Because I was frustrated with not being able to reach the windows, I'm short, hehe. And I always wanted to do big and I found myself struggling. When I caught stations with platforms I had a party.
Do you paint with sketch or freestyle?
Yay, freestyle is my thing. I like to drink a little here and there from the wall and other people's spaces too. I like to feel what others are doing, when they are painting next to me, so I can put a little piece on top of them or them on top of me, combine the funds, use the same color in the fill in, these things I like.
The sketch is part of it, because you evolve a lot. I really like drawing for myself, I have notebooks and notebooks with drawn scenes. I'm not addicted to drawing but I like to get to the wall and think "what am I going to do here". Because you never have an idea on paper of how it will work on the wall.
The projector, for example, or the doodle grids, are good but I can't use them. I like to feel the wall, I like to think about the space where the K will fit and what will happen after the K. I don't think about the whole piece, because what I'm worried about is the totality of the wall, not the my piece or my style. That to me doesn't make sense.
But after all, do you paint letters or flowers?
That's the paradigm of my things, because I never wanted the letters to look like flowers. I really never wanted this, but the ways I always did and identified with were more floral. Because, at the beginning, I started to bring the insect letters closer and I don't know if it was from the insects that the leaves started to appear. But it wasn't something studied or thought about, it was a symbiosis of my organic self, that's all.
Besides flowers (laughs), where do you get the influences for your pieces?
It's like I was saying, the insects, fauna and flowers part, that's it. Come on, you like me to say that I make flowers; Fraud is always telling me "Make a flower". That's why I had my website (Letters not flowers), because I was worried about writing letters, but the scene ended up going there, it's not my fault.
What is your creative process like?
I've already drawn more, I won't say I draw a lot. The people in my crew always have Procreate, just like everyone else has an iPad. I still do everything by hand, I'm the one who takes an HB pencil and goes there with the markers.
But I like drawing, because when I started working at the animation studio I spent from 9 in the morning until 6.30 in the afternoon drawing cartoons, characters and things like that, and then there was an evolution of my hand and the information that the brain transmits. to my hand and then I started to trace the letters, first more square and then more organic. Nowadays the shapes come naturally to me.
So, it means that art and the taste for drawing come from childhood.
Yes, I have always been into Arts. From the 10th year to the 12th I was always in Arts. Then I couldn't get into university and started working at the animation studio.
I started doing graffiti and it was only when I was 30 that I took a Design course at the Faculty of Architecture in Lisbon.
What plays on your playlist when you paint?
Ouch, noise. I'm a fan of very noisy sounds. I listen to deathcore, I'm not into hip hop. Hip hop doesn't come in even if the cow coughs.
For me graffiti is not hip hop, for me graffiti comes from art. When we look at the beginning of graffiti in NY, with Keith Haring and Basquiat, everyone liked punk, there was no hip hop. Hip hop, perhaps, came with the commercial side. And the people I knew from graffiti, here in Margem Sul, in Almada, almost everyone had hardcore bands (Time, Hium, Roket).
Do you have a favorite piece? What's the most incredible place you've ever painted?
I really enjoyed painting in Marseille, with many good French writers. It was right next to the sea and we could paint for half an hour, take a swim and come back. It was a giant wall on the beach in Marseille. It was one of the most beautiful places I painted.
My favorite piece... I like them all and I like the ones I'm still going to make the most. But the one that marked me the most, in artistic terms, was the building I painted in Bairro dos Lóios, in Chelas. Because it was a nine-story building that I built alone, in one week, and I know the Voltaren baths I had to take in my arms, because it was so big. And it was very windy and, with the machine going up to the top floor, it was a bit difficult. But I'm not afraid of heights, so it's fine.
How does it feel to paint for so many years with the Thunders? Who would you like to paint with one day?
With the Thunders it's very easy. I don't see them as individual artists, they are my brothers. Even the Mosaik that I met... I don't know if it was after Bray and Chure, but in different terms, respect for the person is greater than respect for what he does on the wall. So, I like them more as people than as writers. Therefore, it is very easy to paint with them. When I paint, it's not a battle, I don't want my piece to be better than anyone else's. I know my limits, I know what I like to do, I'm not worried about that.
I want to paint with everyone. I don't want to say any names, because I love painting with a lot of people. Even with people who no longer do pure, hard graffiti, like Tiago Hesp. Tiago has always been one of my favorite guys there at Miratejo.
After so many years, what keeps you strong in your connection to the movement?
This is difficult to explain to you. I live Graffiti, that's why I like meeting the new people who have just started painting. I don't like being an influence on them, that's not what motivates me, but I like to show what we did, how we do it, the concerns we have. Even the respect when we cross a wall, knowing who was there painting, for example. And I like that part, that didactic part, I like talking to people who are just starting out, I don't want to be boring, but I really like that part.
But friendship is what motivates me to continue painting. My crew, we are brothers. Even Hélio Bray and Chure, I met them in Caldas da Rainha, at a jam, and they are from Azeitão and I am from Almada. And there was a day when we agreed (I don't remember if it was via messenger), I went to Azeitão to paint and, from then on, we started painting many times. However, they joined the LEG and we continued. It's brothers for life.
So, at a glance, what is your national top 3? And foreign?
Hey, top... What is the top?
The most memorable ones for you.
This is very complicated to say. Why? Because we are all different. I like a little of one and a little of the other. Man, it's very difficult to make a top.
And why is it top? People say that a writer, the real writer, has to be a complete guy. If we're going to make a top, the guy has to be complete. It's not because you have beautiful lyrics and then you don't know how to speak. It’s not because you make some big hall of fame and then you don’t bomb.
Hey, tops, I don't mean anyone.
Foreigners like individuality, of course. There are guys that I really like. Miedo (the Spanish one), Sofles, old guys too (Seak, Daim, etc.), even good works by Mclaine (which is not my style, because I like to appreciate things that I wouldn't do), that's why there. And there are people who do scenes that I would never do in my life, I value them more. Even Roid, I love figurative people too. Sague, Aryz, I met them when I was pissed. Pant, who now has an exhibition at Underdogs (I met the guy when he was doing 3D and I loved the guy and nowadays he doesn't do it anymore, that's not graffiti for me).
But there are some really good people. Even Dface from London, Sickboy...
I like everything. I don't like making tops.
What is your opinion about the graff tuga and what do you think can be improved?
In individual terms, there is a lot of quality to show for it. But I think that walls when they have more people... I value more when a wall looks really cool in total than just a piece here and a piece there.
But there is a lot of quality. For example, in Portugal I feel that, in terms of Hall of Fame, the crews that are (I'm not saying) stronger, because they are different styles, are us and Rua. It is what it is. Then the Alentejo people, the Drunk, I also think they are doing a cool job. They're cool guys and they're doing their thing, how they like it and how they know how to do it, I value that a lot.
Then it's more individualism, I think it's more there. Because in terms of crew, for strong crew walls to appear, I think that evolution has not been much reinforced in Portugal.
And this new generation? Is there someone you follow and think will stand out?
Perhaps.
Like Ridus, who has since passed away?
I painted with Ridus in IRIAX. Even there I felt his pieces. When they were total walls, maybe his pieces were good.
I like the totality of the wall. I value a thoughtful wall, all with the same colors, making everything a good spot, much more than I value the individual piece.
But yes, there is a lot of quality appearing now in Portugal. Which nowadays is easier for us to achieve... Even with Dish, for example, I feel like Dish makes cool scenes, I like his style, the fashionable ones, but I feel like his walls are missing something. Fire and Mulog too. I like it, but then you'll see their Hall of Fame and for me it's not a Hall of Fame, it's a good wall (piece) of them. Do you notice the difference?
What is your message to the new generation of writers?
I think Graffiti is the combination of two words: friendship and respect. It's the perfect combination, because you do it with your friends, with those you don't know you have to be respectful. And that's it. If you respect others who also paint, you can evolve in your own way and your friends will always support you.
What's the funniest story ever?
Hey, I have several, I have several... I don't know. Jumping from a high house on the roof, because I was doing a rooftop, and when I hit my ankles I couldn't walk. Escapes, so, I have thousands of stories, of being painting and the police passing by and saying: "Did you see some boys here painting?" and I say no, pretend I'm emptying the trash when I'm bombing in Almada and they ask: "Look, I'm sorry, did you see some boys running away?" and I say "No, no. No one came by."
These are stories that we live every day that we paint.
You are a self-confessed sneakerhead. Have you ever thought about creating a sneaker collection with your graff?
I made customizations.
But an entire line of sneakers?
Yes, I was a boy to do that, but it never came up.
I had support from Reebok at the time. I was sponsored by them, they gave me sneakers.
But, maybe, maybe like a little brand. If they wanted to make me a proposal like that, I think it would be funny.
What are your future plans/projects?
I like to be a person who lives in... not in the present, but with an approach to the future... I want to continue working and living my life with my family. Family both at home and at Thunders. If there are projects, do them.
I have no ambition, I don't want to be rich off of graffiti, because that doesn't exist. I mean, it exists but not for me.
Props?
I give it to everyone here at national graffiti.
I can tell my crew, but they know that the props are always for them.
I can tell the people here on Margem Sul that they are not just writers, they are also my friends: Tiago Hesp, Chase, Tape, Fraude, Oxi. I don't know, there are so many I can say... Time (my Spanish godfather).
And for the people from Lisbon, I also have a lot of people that I really like: Rote, who is one of those guys who is always there wherever there is graffiti, he is one of those people that I like; Eko with Dedicated, which does a lot for Graffiti; Ram is a person I respect a lot and much more. That's it.
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