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Foto do escritorDa Chic Thief

Entrevista #13 ELGÉE (França)

Atualizado: 12 de jan.

PT

Foi o Senhor Neto quem me falou em Elgée pela primeira vez. Que era francesa e andava a pintar animais no Ginjal.


Sempre à procura de novidades, rumei à Quinta da Arealva onde descobri um verdadeiro zoo enquadrado nas ruínas do local.



Após algumas conversas no Instagram, tive o gosto de receber a artista para uma visita introdutória aos abandonados e à arte urbana que se faz na Margem Sul. Como recompensa, pude fotografar, em primeira mão, a sua peça preferida (Hush).



Depois de diversas obras executadas e já a preparar o regresso ao seu país de origem, a artista ainda pintou Karmageddon, um mural imenso no qual uma figura feminina carregada de força e misticismo parece invocar o poder da Natureza.


Na sua breve passagem por Lisboa, Elgée trouxe mais vida e cor à Quinta da Arealva. Até ao seu regresso, aqui fica a sua entrevista.


Qual é o significado do teu tag? LG são as iniciais do meu apelido, acabei por soletrar de forma diferente e com dois ee porque sou uma menina :)

Tens formação em arte? Eu pinto desde criança, especialmente com pinturas a óleo, mas sou autodidata. Quando começou o teu interesse pelo graffiti / street art e quais foram as tuas influências na altura? Tudo começou há três anos com o meu companheiro Spago, que me levou para uma viagem de pintura ao sanatório de la langue, um enorme lugar abandonado na França. Foi a primeira vez que pintei com latas de spray e a paixão começou aí.


Eu não tinha influências de street art naquela época, andava apenas a tentar evitar os salpicos.


Em quantos países já pintaste? Já pintei na França, Bulgária, Polónia, Hungria e Roménia. E agora Portugal, é claro :)

Quais são os teus locais / cidades favoritos? Lisboa é a melhor até agora, porque há muitos locais agradáveis, especialmente na Margem Sul, e o clima é muito bom, o que permite pintar a toda a hora. Também gosto da Bulgária, pelas mesmas razões, e de Varna, em particular.


Acho que gosto de pintar perto da água.


És conhecida por desenhar animais, mas é nas figuras humanas que toda a tua força aparece. O que preferes?


Gosto de ambos, mas o meu objetivo é fazer grandes peças de arte conceptual e alegorias, com figuras humanas, animais e cenários bonitos. Por isso, preciso de encontrar paredes maiores.



Como é o teu processo criativo e quais são as tuas inspirações?


Costumo escolher o projeto dependendo da parede. Então, costumo fazer caminhadas e tirar fotos das paredes que gosto. Eu escolho-as por causa das suas especificidades e gosto quando são incomuns. Tento escolhê-las em relação ao ambiente em que se inserem, gosto quando há natureza em redor ou uma moldura natural. Eu gosto de paredes destruídas e quebradas.


Pintas com sketch ou freestyle?


Nunca esboço, uso as imagens como referência e transponho-as diretamente para a parede. Esboçar levaria muito tempo e eu sou uma rapariga preguiçosa.


Qual é a tua lata preferida?


Eu usei montana hardcore e loop, nos primeiros dois anos, mas estou a usar cada vez mais montana 94, agora que descobri latas de baixa pressão e o meu trabalho está mais detalhado. Além disso, oferece uma escolha maior de tons, mais realistas e menos brilhantes. A minha favorita é a 94 neste momento. Mas, na realidade, depende do projeto.


Preferes pintar sozinha ou em grupo?


Prefiro estar sozinha, estou mais focada e ninguém critica as minhas escolhas musicais. Além disso, sou muito lenta, pelo que não gosto de ser apressada.


Mas é bom pintar com amigos também.


O que toca na tua playlist quando pintas?


Principalmente techno, acid techno, hardcore do período inicial, hardhouse, drum n bass e jungle e, às vezes, funk e hip hop oldschool quando estou numa vibe mais descontraída. O que não é tão frequente.



Qual é o teu top 3 de writers / artistas portugueses?


Existem tantos artistas talentosos em Portugal que é difícil escolher apenas três. Eu gosto muito do Hazul e do Asur também, Odeith é claro e Vile.


E quanto a writers / artistas estrangeiros?


Como descreves o panorama atual do graffiti / street art em Portugal? Quais são as principais diferenças que encontras em relação a França? Não posso comparar com a realidade de França, apenas com Paris, e parece-me que o graffiti é muito mais apreciado em Portugal do que em França e considerado uma verdadeira arte.

Também acho que há menos diferença (distinção) entre street art e graffiti aqui do que na França, onde os writers tendem a desprezar os artistas que não pintam letras.



Qual é o teu melhor trabalho?


Aquele de que mais me orgulho são as duas faces (hush) que fiz no Ginjal, e, provavelmente, também é o melhor tecnicamente. Mas há muitas paredes que fiz e adoro por diferentes motivos, seja pela localização ou pela história que contêm.


Sendo mulher, já foste alvo de machismo no mundo do graffiti / street art? Na verdade, não. Na maioria das vezes, ser mulher é uma vantagem para mim. Acho que a maioria dos writers / artistas olha para as tuas produções e não para a tua identidade.


Com que artista / writer gostarias de fazer um trabalho conjunto?


Todos os que quiserem fazer um trabalho conjunto serão bem-vindos :)



Quais são seus planos / projetos futuros?


Não tenho planos, apenas desejos. Estou a trabalhar em obras comissionadas em Paris, neste momento, e tenho algumas colaborações interessantes a caminho. Ainda estou hesitante quanto ao meu próximo destino, mas talvez a Bulgária neste verão.


Tens alguma história que queiras partilhar?


Muitos encontros estranhos com pessoas estranhas em edifícios abandonados, mas nada específico, exceto que sempre terminou bem.


Props?


Muitos props. Então, sem props e sem ciúmes :D


Fotografias / Photos: Da Chic Thief


Obrigado à artista pela entrevista e por estas fotos das suas obras mais recentes.



ENG

It was Senhor Neto who spoke to me in Elgée for the first time. That she was French and was painting animals in Ginjal.


Always looking for news, I headed to Quinta da Arealva where I discovered a real zoo framed in the ruins of the place.


After a few conversations on Instagram, I had the pleasure of welcoming the artist for an introductory visit to the abandoned and urban art that takes place in the South Bank. As a reward, I was able to photograph, first hand, her favorite piece (Hush).


After several works executed and already preparing to return to her country of origin, the artist also painted Karmageddon, an immense mural on which a female figure charged with strength and mysticism seems to invoke the power of Nature.


In her brief visit to Lisbon, Elgée brought more life and color to Quinta da Arealva. Until her return, I leave you with her interview.


What is the meaning of your tag? LG are the initials of my last name, I just spelled it differently and with two ee because i’m a girl :) Are you trained in art?

I’ve been painting since I’m a kid, especially with oil paintings, but I’m an autodidact.

When did your interest in graffiti / street art start and what were your influences at the time?

It all started three years ago with my mate Spago, who took me to a painting trip to the sanatorium de la langue, a huge abandoned place in France. It was my first time painting with spray cans and the passion started there.


I didn’t really have street art influences at that time, i was just trying to avoid drippings^^

How many countries have you painted in?

I’ve been painting in France, Bulgaria, Poland, Hungary and Romania. And now Portugal, of course :)

What are your favorite spots / cities?

Lisbon is the best so far, because there’s a lot of nice spots, especially on the south bank, and the weather is very nice so it allows painting all the time. I also like Bulgaria, for the same reasons, and Varna particularly.


I think I like to paint close to the water.

You are known for drawing animals, but it is in human figures that all your strength appears. What do you prefer?

I like both, but my aim would be to do big concept art and allegories, with human figures, animals and nice backgrounds. So, i need to find bigger walls.


How is your creative process and what are your inspirations?

I often choose the project depending on the wall. So, I usually go for walks and take pictures of the walls I like. I choose them because of their specificity and I like when they are unusual. I try to choose them in relation with their environment, i like when there’s nature around or a natural frame. I like destroyed, broken walls.

Do you paint with sketch or freestyle?

I never sketch, I use pictures for reference and I assemble them directly on the wall. Sketching would take too much time and i’m a lazy girl.

What is your favorite can?

I was going with montana hardcore and loop, as well, for the first two years, but I’m using more and more of montana 94 now that i discovered low pressure cans and my work is more detailed. Also, it offers a larger choice of shades, more realistic and less glossy. My favorite is 94 at the moment. But it really depends on the project.

Do you prefer to paint alone or in groups?

I prefer to be alone, I'm more focused and nobody criticizes my musical choices. Also, I am very slow, so i don’t like to be rushed.

But it’s nice to paint with friends also. What plays in your playlist when you paint?

Mostly techno, acid techno, early hardcore, hardhouse, drum n bass & jungle and, sometimes, funk and oldschool hip hop, when i’m in a more chilled out vibe. Which is not that often^^

What is your top 3 of Portuguese writers / street artists?

There are so many talented artists in Portugal it’s hard to pick only three. I like Hazul a lot and Asur as well, Odeith of course and Vile.

What about foreign writers / street artists?

How do you describe the current panorama of graffiti / street art in Portugal? What are the main differences you find in relation to France?

I cannot really compare with France, only with Paris. It seems to me that graffiti is much more appreciated in Portugal than in France and considered as a true art.

I also think there’s less difference (distinction) between street art and graffiti here than in France, where writers tend to despise street artists that do not paint letters.

What is your best job?

The one i’m the most proud of is the two faces (hush) i made in Ginjal, and it’s probably the best technically as well. But there’s a lot of walls i did that i love for different reasons, whether for the location or for the story that comes within.


As a woman, have you ever been a target of machismo in the world of graffiti / street art?

Not really. Most of the time, being a woman is an advantage for me. I think most of the writers/artists look at your productions and not at your identity.

With which artist / writers would you like to do a joint work?

Everyone that wanna do a joint work would be welcome :)


What are your future plans / projects?

I have zero plans, just wishes. I’m working on commissioned works in Paris, at the moment, and I have some nice collabs coming. I'm still hesitating on my next destination, but maybe Bulgaria this summer.

Do you have a story you want to share?

Many strange encounters with weird strangers in abandoned buildings, but nothing specific except it always ended well. Props?

Too many props. So, no props & no jealous :D


Thanks to the artist for the interview and for the photos of her most recent works.

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