PT
Esta entrevista já vem com algum atraso...
Foi o ano passado que convidei Bams, Desher e Kage para uma entrevista tripla. A covid e a falta de tempo foram entrevando o ímpeto inicial e deitaram por terra algumas ideias que iriam complementar a parte escrita.
No entanto, durante este período, não faltaram referências (no blog) a Bams (pela sua homenagem a D. Branca Saraiva de Carvalho ou quando dividiu uma parede com Ketam) e a Kage (a propósito da sua magnífica recriação do filme A Máscara).
Com uma forte ligação ao Seixal, no qual pintaram com regularidade a partir do final dos anos 90, as obras destes três writers ainda podem ser encontradas pelo Concelho, em muros, viadutos e fábricas abandonadas.
Membros dos Freestyle Bombing Moviment (de que também fazem parte Hame, Eval, Xant, Faze, Kira e Cerk), estes três amigos procuram, sempre que possível, pintar, passar um bom bocado e manter vivo o espírito da cena e da crew.
Qual o significado do teu tag?
Bams O meu tag tem um significado muito pessoal, são as iniciais do meu nome completo (Bruno Alexandre Matos dos Santos).
Desher O meu tag não tem nenhum significado em concreto, apenas gostei do nome. Retirei-o do artista Esher.
Kage Kage (em inglês, escreve-se Cage) significa cela, jaula, etc. Gostei das letras e decidi trocar de tag, simplesmente. Sinto que me fez evoluir em termos de lettering.
Tens formação em arte?
Bams Tenho uma certificação em Arteterapia.
Desher Estive no agrupamento de Artes na Escola Secundária da Amora e apenas isso. Desenhava desde muito novo.
Kage Não, nunca tive formação em artes. Tudo o que faço é o que trago comigo desde sempre. Sempre gostei de desenhar e o graffiti fez-me desenhar com mais empenho.
Quais são as tuas crews?
Bams Neste momento, a minha crew é FBMK, a crew que tenho há mais tempo no coração, sendo eu também um dos membros fundadores, e que é um grupo de amigos que partilham a paixão de pintar paredes há alguns anos. Já pertenci a várias crews, ao longo destes anos, mas essas, infelizmente, foram desaparecendo.
Desher Fui dos FBM, FTS, V2K, ... que me lembre, são só estes.
Kage Crews, neste momento, tenho e não tenho... duas (FBM e GND), não tanto pelo "representar" mas pelo sentimento que, na altura, se vivia com essas crews. Estamos a ressuscitar as crews da Old. Apenas pelo gozo de relembrar tempos nunca esquecidos.
Quais são os teus spots / cidades preferidos?
Bams AMORA. A minha cidade.
Desher Prefiro fábricas abandonadas na Margem Sul ou fazer trabalhos para particulares.
Kage Não tenho preferências em relação a spots, o que importa mesmo é pintar.
Quando começou o teu interesse pelo graffiti e quais foram as tuas influências na altura?
Bams Começou por volta dos anos 95/96. As minhas influências eram as que havia na altura: PRM, NOKE (OBEY), GASH (NOMEN), MOSAIK, YOUTH, entre outros. E aquele que é, ainda hoje, uma referência, o Sr. SAXE (EXAS).
Desher Comecei a ter interesse pelo graffiti nos meus 15 anos e ficou sempre este bichinho. Como eu desenhava bem e tinha um bom traço no papel, o graffiti encaixou que nem uma luva e foi como se estivesse na minha praia. Inspirei-me em vários artistas da zona (como Clear e Image) que faziam sempre personagens e tinham bons letterings, muita mão. Nunca me inspirou tanto o vandalismo ou pintar para marcar territórios, mas sim ter reconhecimento por fazer boas peças!
Kage O meu interesse pelo graffiti começou bem cedo (aos 10 ou 11 anos, talvez), quando eu e o meu irmão conhecemos o nosso vizinho Xant e mais uns rapazes da rua de baixo, o Bams, o Faze, o Desh, a crew FBM (que, na altura, eram TSR). Fui com os mais velhos até à linha do comboio vê-los pintar e já levava uma caneta permanente bem pequena com que dei os meus primeiros tags, como "Dear". Uns tempos depois, o Xant levou-me a fazer o meu primeiro throw up e, a partir daí, não parei de desenhar letterings.
Na altura, havia muitas crews, como os TMS ou os PVS (hoje HF), que também me influenciaram e motivavam cada vez que via cenas deles. Sempre que podia, ia com os mais velhos vê-los pintar.
Na altura, via cenas do Nex e lembro-me bem de ficar a olhar para aquele "mostro" das paredes, sempre com muita qualidade naquele traço. Curioso que, anos mais tarde, fizemos parte da mesma crew e tive oportunidade de pintar com ele em algumas aventuras. Respect, Dinho!
Como era a cena no graffiti quando começaste?
Bams Como era? Epá, era difícil. Tinha que juntar trocos para comprar cans, o guito era tão pouco que tinha que poupar as viagens para dar para mais umas, pois tinha que ir a LX. Havia muito menos possibilidades que hoje. Lembro-me que, para ver as novidades, comprava uma revista de graff ou ia de transporte ver a tal peça nova. Não havia Instagram.
Hoje temos acesso à informação muito mais rápido e facilmente. Ainda bem, por um lado, mas por outro perdeu algum valor, infelizmente. Digo eu, mas vale o que vale.
Desher Não percebi a pergunta, mas havia sempre um pouco de adrenalina por pintar em locais abandonados, sempre com receio de aparecer alguém.
Comprávamos revistas em Lisboa, principalmente o Bams (que tinha sempre muitas), e íamos para casa dele inspirar-nos no que víamos nas revistas. E ouvíamos hip hop, que nos inspirava a desenhar com a batida. Dos artistas não cheguei a fixar os nomes, mas sei que o som me inspirava a desenhar, é certo.
Kage A cena, nessa altura, era basicamente Bombing. Eu tagava mais do que pintava propriamente. Onde tinha mais acesso a cenas de Wall of Fame era em revistas que uns ou outros compravam.
Na altura, ia para fábricas dar os primeiros "traços" com amigos e colegas. Algumas delas ainda hoje estão de pé!
Como é o teu processo criativo e onde vais buscar as tuas inspirações?
Bams Ao longo dos anos, fui aperfeiçoando o meu lettering e adoro fazer bonecadas. Estive alguns anos anos ausente das pinturas, depois regressei e faço o que me vem à cabeça, o que sinto e o que quero dizer à comunidade.
Mas também faço street art, que não considero a mesma coisa que o graffiti, mas talvez um filho legal do graff.
O graff foi a minha raíz. Tu nunca deves esquecer as tuas raízes.
Desher O meu processo criativo é começar por desenhar a lápis, sem carregar no traço, e depois ir aperfeiçoando com caneta, tentando sempre criar contraste no desenho. Simples.
Neste momento, não me inspiro em ninguém, mas em mim mesmo. Gosto de fundos abstratos, geométricos e com imagens com detalhe. Gosto dos trabalhos do Skran.
Kage É uma resposta difícil de dar, eu inspiro-me em muita coisa. Estou mesmo sem resposta para essa, man!
Pintas com sketch ou freestyle?
Bams Gosto sempre de fazer um sketch antes da wall.
Desher Pinto primeiro o sketch ou marcação e depois vou preenchendo e sobrepondo os traços.
Kage Já pintei com e sem... mas prefiro com sketch.
Wall of fame, Street bombing ou Train bombing?
Bams Wall of Fame. Adoro e respeito as outras vertentes mas não pratico.
Desher WALL OF FAME, sem dúvida.
Kage Gosto dos 3 pratos! (Risos) Mas talvez tenha preferência pelo Wall of fame, pela forma e pela tranquilidade com que se pode pintar.
E, de seguida, o Street Bomb. Com as companhias que já tive a oportunidade de fazer, é realmente emocionante, põe o sangue a correr rápido!
Preferes pintar sozinho ou em grupo?
Bams Em grupo, sempre.
Desher Depende do estado de espírito, mas mais vezes em grupo. Por isso é que gosto de Fames, para parar um pouco e olhar para os outros trabalhos, nunca se sabe o que vão os outros artistas fazer.
Kage Das duas maneiras. Acho que o mais importante é pintar mesmo.
Com quem gostas de pintar?
Bams Com Amigos, graff é cultura, convívio, mensagem e emoções. Por isso, quando pintamos com alguém, existe uma energia brutal e as coisas vão sair melhor.
Desher Com o Kage, sem dúvida, o meu sócio número um e o Bams, quando está inspirado.
Kage Essa é fácil, com o meu mano Desher e com o Bams, o ambiente é sempre uma comédia. Mas já tive oportunidade de pintar com várias pessoas e, até hoje, a experiência foi sempre positiva.
O que toca na tua playlist quando pintas?
Bams Hip Hop old school, Dubstep ou Drum n' Bass. Depende da peça.
Desher Não uso playlist.
Kage Sobretudo instrumentais de Hip-Hop. Dão-me motivação e pica.
Qual é a tua lata preferida?
Bams Montana.
Desher Prefiro sempre as montana 94, são mais precisas nos traços e pormenores.
Kage Tenho preferência pela 94, mas sei que existem várias e muito boas. Ainda me falta experimentar umas quantas.
Qual é o teu top 3 de writers portugueses?
Desher Essa é fácil, Odeith, Smile e Styler. Mas há outros em muito bom plano, gosto do Utopia, Vespa, Bordalo, Mosaik, ...
E de writers estrangeiros?
Como descreves o panorama atual do graffiti em Portugal?
Bams Está bom, mas podia estar melhor. Há malta muito boa, tanto no bomb como no fame. A perfeição não existe mas já somos uma pequena referência no graff internacional.
Desher O graffiti tem desenvolvido muito. Mas, hoje em dia, há muito youtube e técnicas que não se usavam dantes. Mas vejo que os bombers nunca vão parar e que as pessoas olham para o graffiti como imagem para o seu negócio, empresas, marketing,, imagens de marca. Até em roupa e calçado há muito mais graffiti do que dantes.
Kage Penso que está bom, mas poderiam haver spots legais em mais locais, de maneira a dar visibilidade aos artistas. Existem muitas paredes que poderiam ser aproveitadas para o efeito e que encontram-se degradadas por falta de manutenção (que os próprios writers fariam, ao colocar peças) ou são bombadas consecutivamente.
O poder local tem que entender (e tem sido uma teimosia grande) que, se não podem vencê-los, devem juntar-se a eles. Deveriam ter locais onde os artistas pudessem pintar sem stress. Não custa assim tanto, mas há muitos conflitos de interesses da parte política.
Qual é o teu melhor trabalho?
Bams Não consigo dizer o meu melhor trabalho. Mas posso dizer um que me deu um enorme prazer, foi pintar a cara de um amigo meu que tinha falecido.
Desher Não sei mesmo. Talvez o da Força Aérea, em Alverca.
Kage É difícil dizer qual o meu melhor trabalho, ainda faltam muitos mais. Talvez na Ogma, onde fiz um F16 e um militar.
Quais são os teus planos / projetos futuros?
Bams A seu tempo.
Desher Continuar a pintar e a evoluir. E, no futuro, poder ensinar os mais novos e passar uma boa imagem do graffiti em Portugal
Kage Pintar, pintar e pintar!
Tens alguma história que queiras partilhar?
Bams Que me lembre agora, não.
Desher Por escrito, tinha de escrever várias páginas, eheh.
Kage O que acontece no Graff, fica no Graff.
Props?
Bams Props para a minha crew e para aqueles que me influenciaram na década de 90, para hoje adorar este tipo de Cultura (Arte). Big up para todos os que fazem parte desta cultura e para ti também, claro, por estares constantemente a pôr acendalhas para que esta chama não apague.
Desher Props para todos os artistas que continuam a evoluir e a criar arte.
Kage Props em 1° lugar a ti e, desde já, um obrigado pelo convite.
Um BIG props ao X18 (fez parte dos GND e foi um dos fundadores) que é hoje um produtor de excelência.
FBM claro, por serem os responsáveis por me porem a "lata na mão".
A todo o pessoal que faz Hip-Hop, em cada uma das suas vertentes, e que não deixam apagar a chama. Props, yo!
... mas, como se diz, mais vale tarde que nunca! Obrigado e um abraço aos três.
Fotografias / Photos: Bams, Desher, Kage & Da Chic Thief
ENG
This interview is already delayed...
It was last year that I invited Bams, Desher and Kage for a triple interview. Covid and lack of time slowed down the initial impetus and overturned some ideas that would complement the written part.
However, during this period, there was no lack of references (in the blog) to Bams (because of her homage to D. Branca Saraiva de Carvalho or when he shared a wall with Ketam) and to Kage (apropos of his magnificent recreation of the film The Mask). With a strong connection to Seixal, where they painted regularly from the late 1990s onwards, the works of these three writers can still be found throughout the municipality, on walls, viaducts and abandoned factories. Members of the Freestyle Bombing Movement (which Hame, Eval, Xant, Faze, Kira and Cerk are also part of), these three friends seek, whenever possible, to paint, have a good time and keep the spirit of the scene and the crew alive.
What is the meaning of your tag? Bams My tag has a very personal meaning, they are the initials of my full name (Bruno Alexandre Matos dos Santos). Desher My tag has no real meaning, I just liked the name. I took it from the artist Esher. Kage Kage (in English means Cage) means cell, cage, etc. I liked the letters and decided to change the tag, simply. I feel it made me evolve in terms of lettering.
Do you have an art background? Bams I have a certification in Art Therapy. Desher I was in the group of Arts at Escola Secundária da Amora and only that. I've been drawing since I was very young. Kage No, I never had an arts background. Everything I do is what I've always had with me. I always liked to draw and graffiti made me draw with more effort. What are your crews? Bams Right now, my crew is FBMK, the crew I've had in my heart the longest, I'm also one of the founding members, and it's a group of friends who share the passion of painting walls for a few years now. I've belonged to several crews over the years, but these, unfortunately, were disappearing. Desher I was from FBM, FTS, V2K, ... as I remember, it's just these. Kage Crews, at this moment, I have and I don't have... two (FBM and GND), not so much because of "representing" but because of the feeling that, at the time, one lived with these crews. We're resurrecting the Old crews. Just for the joy of remembering times never forgotten.
What are your favorite spots / cities? Bams AMORA. My city. Desher I prefer abandoned factories on the South Bank or doing work for private individuals. Kage I don't have any preferences regarding spots, what really matters is painting.
When did it started your interest in graffiti and what were your influences at the time?
Bams It started around the years 95/96. My influences were those at the time: PRM, NOKE (OBEY), GASH (NOMEN), MOSAIK, YOUTH, among others. And the one who is still a reference today, Mr. SAXE (EXAS).
Desher I started to be interested in graffiti when I was 15 years old and this little taste has always remained. As I drew well and had a good line on the paper, the graffiti fit like a glove and it was like I was on my beach. I was inspired by several artists in the area (such as Clear and Image) who always made characters and had good lettering, a good hand. Vandalism or painting to mark territories has never inspired me so much, but to be recognized for making good pieces!
Kage My interest in graffiti started very early (at 10 or 11 years old, maybe), when my brother and I met our neighbor Xant and some other guys from the street below, Bams, Faze, Desh, the crew FBM (which at the time were TSR). I went with the older ones to the train track to see them paint and I already had a very small permanent pen with which I gave my first tags, like "Dear". A while later, Xant took me to do my first throw up and, from then on, I didn't stop drawing letterings.
At the time, there were many crews, such as TMS or PVS (now HF), which also influenced and motivated me every time I saw their scenes. Whenever I could, I went with the older ones to see them paint. At the time, I saw scenes of Nex and I remember well looking at that "monster" on the walls, always with a lot of quality in that line. Curious that, years later, we were part of the same crew and I had the opportunity to paint with him in some adventures. Respect, Dinho!
What was the graffiti scene like when you started?
Bams How was it? Whoa, it was hard. I had to collect change to buy cans, the money was so little that I had to save the trips to give some more, because I had to go to LX.
There were far fewer possibilities than today. I remember that, to see the news, I would buy a graff magazine or go by bus to see this new piece. There was no Instagram.
Today we have access to information much faster and easier. Thankfully, on the one hand, but on the other it has lost some value, unfortunately. I say, but it's worth what it's worth.
Desher I didn't understand the question, but there was always a little adrenaline from painting in abandoned places, always afraid of someone showing up.
We would buy magazines in Lisbon, mainly Bams (who always had many), and we would go to his house to be inspired by what we saw in the magazines. And we listened to hip hop, which inspired us to draw to the beat. I didn't get to fix the names of the artists, but I know that the sound inspired me to draw, it's true.
Kage The scene at that time was basically Bombing. I tagged more than I actually painted. Where I had the most access to Wall of Fame scenes was in magazines that one or the other bought.
At the time, I would go to factories to give the first "strokes" with friends and colleagues. Some of them are still standing today!
How is your creative process and where do you get your inspirations?
Bams Over the years, I've perfected my lettering and I love making characters. I was absent from the paintings for a few years, then I came back and do what comes to my mind, what I feel and what I want to say to the community. But I also do street art, which I don't consider to be the same thing as graffiti, but maybe a nice offspring of graff. The graff was my root. You must never forget your roots.
Desher My creative process is to start by drawing in pencil, without pressing the line, and then improving with pen, always trying to create contrast in the drawing. Simple.
Right now, I'm not inspired by anyone but myself. I like abstract, geometric backgrounds and images with detail. I like Skran's works.
Kage It's a hard answer to give, I'm inspired by a lot. I'm really unanswered for this one, man!
Do you paint with sketch or freestyle?
Bams I always like to do a sketch before the wall.
Desher I paint the sketch or markup first and then I fill and overlap the strokes.
Kage I've painted with and without... but I prefer with sketch.
Wall of fame, Street bombing or Train bombing?
Bams Wall of Fame. I love and respect the other aspects but I don't practice.
Desher WALL OF FAME, without a doubt.
Kage I like the 3 courses! (Laughter) But maybe I prefer the Wall of fame, the way and the ease with which you can paint. And then the Street Bomb. With the companies I've had the opportunity to do, it's really exciting, it gets the blood running fast!
Do you prefer to paint alone or in a group?
Bams In a group, always.
Desher Depends on mood, but more often in group. That's why I like Fames, to stop for a while and look at other works, you never know what other artists are going to do.
Kage Both ways. I think the most important thing is to really paint.
Who do you like to paint with?
Bams With friends, graff is culture, conviviality, message and emotions. So when we paint with someone, there's a brutal energy and things will turn out better.
Desher With Kage, without a doubt, my partner number one and Bams, when inspired. Kage That's easy, with my brother Desher and with Bams, the atmosphere is always a comedy. But I've had the opportunity to paint with several people and, until today, the experience has always been positive.
What plays on your playlist when you paint?
Bams Old school Hip Hop, Dubstep or Drum n' Bass. It depends on the piece.
Desher I don't use playlist.
Kage Mainly Hip-Hop instrumentals. They give me motivation and will to paint.
What is your favorite can? Bams Montana. Desher I always prefer the 94 montana, they are more precise in the lines and details. Kage I prefer 94, but I know there are several and very good ones. I still have to try a few. What is your top 3 Portuguese writers? Bams Dheo, Bray, Mosaik. Desher This is easy, Odeith, Smile and Styler. But there are others in very good plan, I like Utopia, Vespa, Bordalo, Mosaik, ... Kage Ahah... top 3?? Okay, 1st Odeith, 2nd Styler, 3rd Vile. And foreign writers? Bams Daim, Madc, Vespa PDF. Desher Conse, Mr Cenz, Kiptoe. Kage Foreign ?Txi, buddy... lol. 1st Scaf, 2nd Does, 3rd Rasko.
How do you describe the current panorama of graffiti in Portugal? Bams It's good, but it could be better. There are very good guys, both in bomb and fame. Perfection doesn't exist but we are already a small reference in international graff. Desher Graffiti has developed a lot. But, nowadays, there are a lot of youtube and techniques that weren't used before. But I see that the bombers will never stop and that people look at graffiti as an image for their business, companies, marketing, brand images. Even in clothes and shoes there is much more graffiti than before. Kage I think it's good, but there could be legal walls in more places, in order to give visibility to the artists. There are many walls that could be used for this purpose and that are degraded due to lack of maintenance (which the writers themselves would do, when placing pieces) or are bombed consecutively. The local authorities have to understand (and it has been a big stubbornness) that, if they cannot defeat them, they must join them. There should be places where artists can paint without stress. It doesn't cost that much, but there are many conflicts of interest on the political side.
What is your best work? Bams I can't say my best work. But I can say one that gave me great pleasure, it was painting the face of a friend of mine who had died. Desher I really don't know. Maybe the Air Force one in Alverca. Kage It's hard to say what my best work is, there are still many more to go. Maybe at OGMA, where I made an F16 and a military one.
What are your future plans / projects? Bams In time. Desher Continue to paint and evolve. And, in the future, to be able to teach the younger ones and show a good image of graffiti in Portugal Kage Paint, paint and paint! Do you have a story you want to share? Bams That reminds me now, no. Desher In writing, I had to write several pages, eheh. Kage What happens at Graff, stays at Graff. Props? Bams Props for my crew and for those who influenced me in the 90's, to today love this type of Culture (Art). Big up for all who are part of this culture and for you too, of course, for constantly putting lighters so that this flame doesn't go out. Desher Props for all artists who continue to evolve and create art. Kage Props in 1st place for you and, in advance, thank you for the invitation. A BIG props to X18 (he was part of GND and was one of the founders) which is today an excellent producer. FBM of course, for being responsible for putting the "can in my hand". To all the people who do Hip-Hop, in each of its aspects, and who don't let the flame go out. Props, yo! ... but, as they say, better late than never! Thank you and a hug to all three.
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