Tiago Rodrigues aka TIMEQ é um artista visual e Designer de Comunicação e Multimédia.
Nasceu em Coimbra mas foi em Lisboa que cresceu e se formou.
Frequentou o curso de ilustração e banda desenhada no Ar.Co e licenciou-se, mais tarde, em design de comunicação na FBAUL.
Atualmente, reside na ilha da Madeira e concilia o seu cargo como senior multimedia designer numa empresa de tecnologias de informação com outras colaborações como artista visual, misturando técnicas de motion graphics com ilustração e pintura.
É membro fundador do Coletivo Inquieto.
És natural de Coimbra, cresceste em Lisboa e vives na Madeira. Vais parar por aí?
Sim, nasci em Coimbra, mas morei desde sempre nos subúrbios da zona norte de Lisboa, no Forte da Casa e Póvoa de Santa Iria. Há 3 anos, quando se deu a pandemia, mudei de ares e vim morar para a ilha da Madeira. A intenção, por enquanto, é ficar por aqui, mas gostava de viver uns anos fora, em Londres, Berlim ou Barcelona.
Quando começou o teu interesse pelo graffiti?
Em 2004, quando entrei para o secundário, havia uma loja de streetwear no Forte da Casa, mesmo perto da nossa escola. Para mim e para os meus amigos era tudo o que nos interessava na altura, graffiti e skate, e ali mesmo à nossa frente estavam as nossas maiores referências na altura, que era o pessoal mais velho da nossa zona. Sempre que lá íamos, encontrávamos pessoal que pintava já com um nível muito forte, pessoal que representava mesmo a cena da linha da Azambuja e que impulsionaram o graffiti na zona e não só.
Na altura, o Rak, o dono da loja, orientou-nos tags para todos, lol, No início, o meu tag era INTRO e eu e a minha crew na altura (eram os F.RUA, o Not Use, a Cugas, o Parn, uma cena mesmo só daquela zona) pintávamos quase todas as semanas na zona da feira do Forte e outras paredes legais. Lembro-me de guardar o dinheiro do almoço para as latas, era mesmo para o fun, nem batíamos fotografias das peças nem nada, era mesmo genuíno e uma beca naive até. Ainda chegámos a entrar em algumas jams como crew, lembro-me de uma em São João da Talha, na altura estava lá o Vulto, o Que, entre outros.
Para mim, esse pessoal da zona foram mesmo a minha maior inspiração e motivação para nunca desistir, fazer isto porque gosto, porque é um vício que está nos detalhes do processo e não no resultado final da peça. Esse pessoal talvez já nem se lembre, mas acho que isso é que é o significado da força da cena na altura que acabou por marcar o pessoal mais novo, e tenho a certeza que o pessoal que não faz graff atualmente leva esta vivência na vida profissional e pessoal ainda nos dias de hoje.
Qual é o significado do teu tag?
Já tive alguns tags, mas a minha alcunha no secundário era T-Mac por causa do Tracy Macgrady (o jogador de basket, era um dos meus players preferidos) e agora assino como Timeq. A sonoridade da palavra é semelhante mas prefiro estas letras para pintar.
É um bocado trazer essa memória nostálgica comigo, lembrar-me da minha zona e dos amigos de então. Não foi fácil manter a relação de amizade com o pessoal todo ao longo dos anos, mas os mais importantes continuam aí.
Em quantos países é que já pintaste?
Tags contam? Ahaha.
Quais são os teus spots / cidades preferidos?
Póvoa de Santa Iria, aqueles armazéns gigantes junto ao Tejo, fui o primeiro a pintar lá em 2012, fui pintar com pessoal de Oeiras, o Daep e o Quik, o Daep era da minha turma nas Belas Artes em Lisboa, os armazéns ainda tinham as paredes todas e o telhado todo. Agora acho que o spot não vai durar muito mais tempo, está quase tudo no chão e já se estão a preparar para fazer uma cena qualquer nova lá, tipo uns prédios ou uns armazéns, não sei bem…
Na Madeira, a “expo” de armazéns abandonados em Santa Cruz.
Fazendo uma pesquisa na net, o que se encontra são sobretudo referências à street art na Madeira. Já existe uma cena vibrante na Ilha ou o graff ainda está a rebentar por aí?
Vim para a Madeira em 2020, início da covid, restrições máximas... Não se vê graffiti em lado nenhum, o pessoal aqui pensa que arte urbana é graffiti, ainda não percebem e confundem conceitos. Tudo o que são tags, throwups, mesmo em paredes que não são de ninguém, todas degradadas, o pessoal apaga logo passados um dia ou dois, preferem paredes estragadas com quadrados cinzentos a fazer de remendo a tapar. Aqui o graffiti é perseguido e praticamente não existe, não há uma única parede legalizada nem interesse para isso, não se percebe a importância disso para os mais jovens terem liberdade de expressão.
Para além de dois nomes que eram os únicos que via nas ruas, mais em armazéns abandonados, o Pery e o Ingu, props, eram os únicos locais mesmo que via que faziam graff, para além disso a madeira é um sítio que atrai muito turismo e há sempre pessoal estrangeiro que vem cá e quer deixar o seu graff, há quase mais graffiti estrangeiro que local, também é mais fácil para eles, porque é fácil manter o anonimato.
Aqui comecei a ir pintar sozinho e com uma amiga minha (Sê Gentil aka Unthink), o pessoal começou a reparar e, mais tarde, organizámos uma exposição num sítio abandonado, que teve mais buzz do que esperávamos. Abriu algumas portas além graffiti.
Como é o teu processo criativo e onde vais buscar as inspirações para as tuas peças?
No geral, as minhas peças, os meus letterings, são um impulso que refletem a nostalgia toda do Forte da Casa, tipo espetador, como sempre me senti, omnipresente. Não penso muito no estilo das letras, não gosto de letras muito adornadas com wildstyle, as minhas peças vêm diretamente do meu caderno de apontamentos, de rascunhos. Quando estou aborrecido dá-me para desenhar, é a minha maneira de fugir do aborrecimento, não penso no que estou a desenhar. Muitas das vezes, estou a desenhar o mesmo lettering umas 10, 15 vezes seguidas. A minha cena é essa mesmo, uma reflexão sobre a repetição, quase industrial, sem medo de assumir essa repetição.
Como classificas o teu estilo?
(Respondido na pergunta anterior, mais ou menos)
Não consigo rotular o meu estilo.
Pintas com sketch ou freestyle?
Nunca levo sketch quando vou pintar, acho que isso limita. Uma cena é um projeto no papel e outra cena é na parede. Raramente levo uma parede já pensada quando vou pintar, eu tenho um sítio na cabeça e quando chego lá é que vejo onde é que posso pintar. A repetição dos projetos em papel ajuda neste processo.
Quais são os ingredientes para um bom dia de pinturas?
Amigos e pessoal com boas vibes, um bom spot e sprays que sobrem.
O que toca na tua playlist quando pintas?
O Maria, dj da Monsterjinx, os instrumentais da minha irmã Ikigai Cosmonaut e agora estou a curtir da cena do rapper americano JPEGMAFIA, bom álbum o novo “scaring the hoes”.
A tua arte não se limita ao graff? Já tens data para uma próxima exposição?
Agora a meio do ano, em agosto mais ou menos, eu e a Sê Gentil aka Unthink temos aí uma exposição planeada, já temos spot confirmado. Temos de trabalhar nela, mas vai ser uma reflexão sobre graffiti aqui na ilha.
Como descreves o panorama atual do(a) graffiti / street art tuga?
Pelo que tenho visto, há aí algum pessoal mais velho que está a voltar a pintar outra vez com mais regularidade. Mas acho que, no geral, o graffiti está a ser um bocado chutado para os armazéns abandonados e sítios um pouco mais seguros para se pintar. Não acho mal, só tenho pena de não ver tanto na rua.
Arte urbana é diferente, está a crescer bastante, mas já é outra cena.
Qual é o teu top 3 de writers / artistas portugueses?
The Caver
MOTS
Oker
Seeyr
E de writers / artistas estrangeiros?
Opium
MSCHF
123klan
Riots
Aryz
Com que writer / artista gostarias de fazer uma peça conjunta?
Qualquer um dos artistas / writers que disse, tanto nacionais como internacionais.
Fala-nos um pouco sobre o teu projeto Coletivo inquieto.
O coletivo inquieto é um projeto que começou com a minha vontade e da Sê Gentil aka Unthink de ir pintar por aqui na Madeira, sem necessitar de autorizações e dessas burocracias todas. Nós queríamos formalizar essa vontade com uma crew ou um coletivo, houve uma amiga nossa, na altura, que deu a ideia de nos juntarmos os três para criar um coletivo e foi assim que surgiu o Coletivo inquieto, a vontade de pintar com os amigos sem precisar estar preso a regras e burocracias. Neste momento, o Coletivo inquieto sou eu e a Sê Gentil, mas estamos numa fase de reformular, vamos querer que o Coletivo assuma mais esta cena pelo qual se formou e começou, talvez surjam mais um ou dois membros novos, mas ainda estamos a ponderar alguns cenários, não queremos cometer erros do passado. Na próxima exposição já vamos ter estes pontos mais definidos.
Quais são os teus planos / projetos futuros?
Não tenho grandes planos para o futuro, mas talvez pintar outro túnel aqui na Madeira, como o que pintei no Campo da Barca. Foi muito bom conseguir encher um túnel com os meus robôs gigantes feitos de prédios, nunca tinha feito uma peça tão grande e é fixe ver uma cena que está na nossa cabeça projetada numa parede da dimensão do túnel que pintei. Fiquei eternamente grato ao festival madeirense de arte o Fractal Fest, nomeadamente à Carolina e ao Ricardo (os organizadores do festival), por me terem selecionado como um dos projetos vencedores do ano de 2021.
No ano passado tive o privilégio de fazer parte do júri, a convite da organização, tive pena que não houvessem muitos projetos de murais a concurso. Convido, desde já, o pessoal a enviar propostas para este festival que acontece em setembro, mais ou menos. Ainda não é um festival muito conhecido para além da Madeira, mas o pessoal é muito profissional, acessível e prestável e têm uma mente aberta e recetiva para propostas a concurso de murais.
Tens alguma história que queiras partilhar?
Não é bem uma história, mas sim uma mensagem. Hoje em dia, é muito difícil manter a identidade artística e, muitas das vezes, os mais jovens veem as suas ambições cortadas por causa de alguns preconceitos. Espero que o pessoal não se esqueça que a liberdade de expressão é importante e existe lugar para todos nesta bola que é o nosso planeta, com respeito. Somos todos diferentes, não precisamos de estar dentro de caixinhas, partam as caixinhas todas.
Props?
Para a minha família Ana Andrade, a Sê Gentil aka Unthink, a Ikigai Cosmonaut, a Carolina e o Ricardo do Festival Fractal e o meu puto Kappa, o futuro do graff na ilha.
Fotografias e vídeos / Photos and videos: TIMEQ
ENG
Tiago Rodrigues aka TIMEQ is a visual artist and Communication and Multimedia Designer. He was born in Coimbra but it was in Lisbon that he grew up and graduated. He attended the illustration and comics course at Ar.Co and later graduated in communication design at FBAUL. He currently lives on the island of Madeira and juggles his position as a senior multimedia designer at an information technology company with other collaborations as a visual artist, mixing motion graphics techniques with illustration and painting. He is a founding member of the Coletivo Inquieto.
You're from Coimbra, grew up in Lisbon and live in Madeira. Are you stopping there?
Yes, I was born in Coimbra, but I have always lived in the northern suburbs of Lisbon, in Forte da Casa and Póvoa de Santa Iria. Three years ago, when the pandemic hit, I moved to the island of Madeira. The intention, for now, is to stay here, but I would like to live a few years abroad, in London, Berlin or Barcelona.
When did your interest in graffiti begin?
In 2004, when I entered secondary school, there was a streetwear shop in Forte da Casa, right near our school. For me and my friends it was all we were interested in at the time, graffiti and skateboarding, and right there in front of us were our biggest references at the time, which was the older people in our area. Whenever we went there, we met people who were already painting at a very strong level, people who really represented the Azambuja line scene and who boosted graffiti in the area and beyond.
At the time, Rak, the owner of the shop, gave us tags for everyone, lol, In the beginning, my tag was INTRO and me and my crew at the time (they were F.RUA, Not Use, Cugas, Parn, a scene just from that area) painted almost every week in the area of the Forte fair and other cool walls. I remember saving my lunch money for the cans, it was really for fun, we didn't even take photos of the pieces or anything, it was really genuine and a bit naive. We still got into some jams as a crew, I remember one in São João da Talha, at the time there was Vulto, Que, among others.
For me, these local people were my biggest inspiration and motivation to never give up, to do this because I like it, because it's an addiction that lies in the details of the process and not in the final result of the piece. These people may not even remember it anymore, but I think that's what the strength of the scene meant at the time, which ended up marking the younger people, and I'm sure that the people who don't do graff today carry this experience in their professional and personal lives even today.
What is the meaning of your tag?
I've had a few tags, but my nickname in high school was T-Mac because of Tracy Macgrady (the basketball player, he was one of my favourite players) and now I sign as Timeq. The sound of the word is similar but I prefer these letters for painting.
It's a bit of a nostalgic memory for me, remembering my neighbourhood and friends from back then. It hasn't been easy to maintain the friendship with all the people over the years, but the most important ones are still there.
How many countries have you painted in?
Do tags count? Ahaha.
What are your favourite spots / cities?
Póvoa de Santa Iria, those giant warehouses by the Tagus, I was the first to paint there in 2012, I went to paint with people from Oeiras, Daep and Quik, Daep was from my class at Belas Artes in Lisbon, the warehouses still had all the walls and the roof. Now I don't think the spot will last much longer, it's almost all on the ground and they're already preparing to make some new thing there, like some buildings or warehouses, I don't know...
In Madeira the "expo" of abandoned warehouses in Santa Cruz.
Searching the net, what you find are mostly references to street art in Madeira. Is there already a vibrant scene on the island or is graff still breaking out there?
I came to Madeira in 2020, beginning of covid, maximum restrictions... You don't see graffiti anywhere, people here think urban art is graffiti, they still don't understand and confuse concepts. All tags, throwups, even on walls that don't belong to anyone, all degraded, people erase them after a day or two, they prefer damaged walls with grey squares to make a patch to cover. Here graffiti is persecuted and practically does not exist, there is not a single legalised wall or interest in it, you do not understand the importance of this for young people to have freedom of expression.
Apart from two names that were the only ones I saw on the streets, more in abandoned warehouses, Pery and Ingu, props, they were the only places I saw that did graff, besides that Madeira is a place that attracts a lot of tourism and there are always foreign people who come here and want to leave their graff, there is almost more foreign graffiti than local, it is also easier for them, because it is easy to maintain anonymity.
Here I started to go painting by myself and with a friend of mine (Sê Gentil aka Unthink), people started to notice and later we organised an exhibition in an abandoned place, which had more buzz than we expected. It opened some doors beyond graffiti.
What is your creative process like and where do you get the inspiration for your pieces?
In general, my pieces, my letterings, are an impulse that reflect the whole nostalgia of the Fort of the House, kind of spectator, as I always felt, omnipresent. I don't think too much about the style of the lettering, I don't like lettering that is too adorned with wildstyle, my pieces come straight from my notebook, from sketches. When I'm bored I just draw, it's my way of escaping boredom, I don't think about what I'm drawing. Often, I'm drawing the same lettering 10, 15 times in a row. That's my thing, a reflection on repetition, almost industrial, without fear of assuming that repetition.
How do you classify your style?
(Answered in the previous question, more or less)
I can't label my style.
Do you paint with sketch or freestyle?
I never take a sketch when I go to paint, I think that limits it. One scene is a project on paper and another scene is on the wall. I rarely take a wall already thought out when I go to paint, I have a place in my head and when I get there I see where I can paint. Repeating projects on paper helps this process.
What are the ingredients for a good painting day?
Friends and people with good vibes, a good spot and enough sprays.
What plays on your playlist when you paint?
Maria, Monsterjinx's dj, my sister Ikigai Cosmonaut's instrumentals and now I'm enjoying the scene of the American rapper JPEGMAFIA, good album the new "scaring the hoes".
Your art is not limited to graff? Do you already have a date for an upcoming exhibition?
Now in the middle of the year, in August or so, me and Sê Gentil aka Unthink have an exhibition planned, we already have a confirmed spot. We have to work on it, but it will be a reflection on graffiti here on the island.
How would you describe the current graffiti / street art scene in Tuga?
From what I've seen, there are some older guys out there who are getting back into painting more regularly. But I think, in general, graffiti is being kicked to the abandoned warehouses and places that are a bit safer to paint. I don't think it's bad, I just feel sorry that I don't see as much on the street.
Street art is different, it's growing a lot, but it's a different scene.
What is your top 3 Portuguese writers/artists?
The Caver
MOTS
Oker
Seeyr
And foreign writers / artists?
Opium
MSCHF
123klan
Riots
Aryz
With which writer/artist would you like to do a joint piece?
Any of the artists/writers you mentioned, both national and international.
Tell us a bit about your project Coletivo inquieto.
Coletivo inquieto is a project that started with me and Sê Gentil aka Unthink wanting to paint here in Madeira, without the need for authorisations and all that bureaucracy. We wanted to formalise this will with a crew or a collective, there was a friend of ours, at the time, who gave the idea of getting the three of us together to create a collective and that's how Coletivo inquieto came about, the desire to paint with friends without having to be bound by rules and bureaucracies. At the moment, the Coletivo inquieto is me and Sê Gentil, but we are in a phase of reformulating, we will want the Collective to take on more of this scene for which it was formed and started, maybe one or two more new members will appear, but we are still pondering some scenarios, we don't want to make mistakes of the past. In the next exhibition we will already have these points more defined.
What are your future plans / projects?
I don't have big plans for the future, but maybe I'll paint another tunnel here in Madeira, like the one I painted in Campo da Barca. It was great to be able to fill a tunnel with my giant robots made of buildings, I've never done such a big piece before and it's cool to see a scene that's in your head projected on a wall the size of the tunnel I painted. I was forever grateful to the Madeiran art festival Fractal Fest, namely Carolina and Ricardo (the festival organisers), for selecting me as one of the winning projects of the year 2021.
Last year I had the privilege of being part of the jury, at the invitation of the organisation, I was sorry that there were not many mural projects in the competition. I invite people to send proposals for this festival that takes place in September, more or less. It is not yet a well-known festival beyond Madeira, but the staff is very professional, approachable and helpful and they are open-minded and receptive to mural competition proposals.
Do you have a story you want to share?
Not really a story, but a message. Nowadays, it is very difficult to maintain an artistic identity and often young people have their ambitions cut short because of some prejudices. I hope people don't forget that freedom of expression is important and there is room for everyone on this ball that is our planet, with respect. We are all different, we don't need to be in little boxes, break all the little boxes.
Greetings / thanks?
To my family Ana Andrade, Sê Gentil aka Unthink, Ikigai Cosmonaut, Carolina and Ricardo from Fractal Festival and my kid Kappa, the future of graff on the island.
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