PT
A cada passagem por Évora trago mais uma mão cheia de talento.
Depois da entrevista com Funky, Ismo e Jaym, estive na cidade para conhecer Kunga, outro dos elementos dos DMC.
Após uma tarde bem passada, em que pude ficar a conhecer alguns dos spots da crew, ficou apalavrada uma nova entrevista tripla.
Depois de Kunga, também Loz aceitou o convite. Apesar de residir na Margem Sul, são frequentes as suas idas a Évora, para jams ou para a execução de peças pela cidade, destacando-se as obras da Residência Universitária, dos Bombeiros Voluntários ou do Canil Municipal.
A eles, juntou-se Nyfe, mais adepto do bombing.
Fiquem a conhecê-los um pouco melhor.
Qual o significado do teu tag?
Kunga Bem, boa pergunta... o meu tag, a minha alcunha, é algo que está comigo quase desde que nasci. Desde que me lembro de ser alguém, sempre fui o “KUNGA”. É um nome que os meus familiares e amigos mais chegados sempre me chamaram por causa da forma como tratava a minha falecida avó materna. Para mim, em pequeno, ela era a minha avó “KUNGA”. Não faço ideia o porquê de lhe chamar assim, pois o nome dela era “Helena”. Mas bem, inventei essa palavra, aquilo colou no ouvido do pessoal e assim continuou e nasceu o “KUNGA”, eu.
Loz O tag Loz não tem nenhum significado. Foi um nome improvisado para a rua que depois acabou por ser incorporado no meu nome, para uma vertente mais legal.
Nyfe O meu tag provém do termo Inglês “Knife” (Faca) só que abreviado à pronúncia sonora “NYFE”. Na altura, queria mudar de tag, pois não gostava dos nomes nem das letras que usei ao início. Como me pareceu um nome original (não havia ninguém a
escrevê-lo) e que soava bem ao ouvido, fiquei com o NYFE e jurei não mudar mais de tag.
Tens formação em arte?
Kunga Sim. Estudei Artes desde o meu 10º ano (lá para 2008) até 2019, quando acabei o meu Mestrado em Arte de Design, em Inglaterra.
Loz Epá, sou licenciado em Design e a minha formação escolar foi sempre em escolas de arte. Sempre tive aulas de desenho mas nunca tive aulas de pintura, por exemplo, nem propriamente uma formação em artes visuais.
Nyfe 12º ano em Artes Visuais e, de momento, estou a fazer uma licenciatura na mesma área. No geral, gosto de arte, nomeadamente arte de vanguarda, e acho que o graff se encaixa nessa vertente.
Quando começou o teu interesse pelo graffiti e quais foram as tuas influências na altura?
Kunga Eu acho que sempre tive aquele interesse pelo “Graffiti” por ter interesse pela cultura Hip Hop no geral. Sei lá, quando era novo o meu estilo foi muito influenciado pelos meus primos e, naquela altura, era comum usar chapéus e roupas da FUBU e ouvir “rappers” tipo 50 Cent e Nigga Poison (entre outros). Então, aliar o meu gosto por desenhar ao meu gosto pela cultura Hip Hop só podia culminar no interesse por “Graffiti” também.
Acho que peguei a primeira vez numa lata de spray bastante novo, tipo com 11 anos, mas aquilo não colou, porque não havia mais ninguém a fazê-lo por aqui. Então, fui-me focando noutras formas de fazer Arte.
Loz O meu interesse antes do graffiti foi pela cultura hip-hop, desde sempre. Por ventura, tive ligação com todas as vertentes desde muito cedo, inclusive o graff.
Nos finais dos 90s / princípios de 2000, era mais uma cena de gang do que de graff mas, ya, representávamos. Infelizmente ou felizmente, na altura tinha outros planos e o graff não dava euros, foquei-me mais no fast money do que no investimento a longo prazo e só abri a pestana em 2017. A partir daí, comecei a representar de novo a rua.
Quanto à cena da street art, para mim, foi um processo automático. Sempre pintei em casa, telas, etc e quando desbloqueei, em 2017, comecei a treinar na rua, com pincel, com latas, com o que houvesse. Passado pouco tempo, comecei a ter clientes e, inclusive, cederam-me uma fachada de um edifício, foi a moral que precisava. Street art para muitos, para mim é só pintar na rua, é na rua que me sinto bem, adoro isso.
As influências eram os gangsters da minha zona e, depois disso, Can2 e Seen. Na altura, não havia net à balda, tínhamos pouco acesso, lá chegava uma revista que um dread trazia e já era fezada!
Nyfe O meu interesse começou por volta da minha adolescência, se bem que, na altura, o que eu fazia eram stencils inspirados por bandas da cena hardcore punk (do género:
punks not dead, símbolos anarquistas, caveiras com moicanos… XD). Ou seja, nada a ver com a cena de graff propriamente dita. Também algo que me fascinou, desde puto, foram os bombs feitos nas chapas de autoestradas e de linhas ferroviárias, o graff nos trains e, no geral, todo aquele texto, bonecos, cores, formas, efeitos. E pensava, um dia, chegar a aventurar-me nesse tipo de arte. Na altura, ainda sem ter qualquer tipo de conhecimento por dentro do graff.
Como era a cena no graffiti quando começaste?
Kunga Se separarmos "Street Art" de “Graffiti” (se bem que, para mim, o “Graffiti” é uma vertente de "Street Art"), temos dois começos, pelo menos no meu caso. Na parte de "Street Art", fazendo murais, paisagens, “letterings” e rostos (tudo a pincel em paredes e cenas assim), comecei ainda em 2013, com trabalhos para a universidade e alguns murais para discotecas e amigos. Penso que, nessa altura, já havia algumas pessoas da universidade que pintavam a lata, mas nunca senti interesse em explorar essa área com eles aqui por Évora.
No caso do “Graffiti”, sinceramente, só posso dizer que comecei a entrar no movimento em Novembro do ano passado. Antes disso, tinha tido apenas experiências com algumas latas, mas nada de especial. O ano passado, sim, comecei a sair de casa e ir ter com o pessoal para pintar e comecei a aprender realmente o que era necessário para me tornar “aceitável” nesse mundo. E, sim, já havia bastante pessoal a pintar aqui (FUNKY, LOZ, ISMO, entre outros...).
Loz Eu só posso dizer que comecei mesmo em 2017. Antes era brincadeira. Epá, mas de 17 até à data acho que está igual, um pouco mais pussy, tanto o movimento, como a "super cena, bué cool, da moda, streetart". Mas o mundo todo vai nesse caminho, por isso...
Nyfe Só comecei a ligar-me mais ao graff propriamente dito quando acabei o secundário e fui estudar artes visuais para a faculdade, que foi quando comecei a aprender realmente as bases do graffiti com pessoal que já andava na cena (Funky, Jaym, Paor, etc). Eles ensinaram-me os fundamentos.
Na altura, como qualquer toy no início, tentava “inventar” as minhas letras sem perceber os fundamentos essenciais (estrutura, forma, estilo …) e era frustrante não obter o resultado que queria. Basicamente, queria correr antes de saber andar… XD mas, com a prática e os erros, fui aprendendo e, apesar de não ser dos melhores a fazer lettering, vi as minhas cenas a evoluir consideravelmente em relação ao que eu fazia ao início e fui conseguindo desenhar no papel e reproduzi-lo na parede.
Hoje, considero-me um writer básico, desenrasco-me dentro do principal e das bases que aprendi, mas ainda tenho um longo caminho a percorrer dentro desta arte e estilo de vida que é o Graffiti.
Quais são as tuas crews?
Kunga DMC (Drunk Master Crew). Demorou mas deixaram-me entrar! Ahahah!
Loz Na minha verdadeira crew ninguém pinta. Mas, sim, tenho uma crew com uns rapazes (que são meus amigos) de Évora - DMC.
Nyfe Os DMC (Drunk Masters Crew), que me receberam com toda a simpatia e me ajudaram e têm ajudado a melhorar. Cada um com o seu style, gostamos de pintar e beber umas jolas frescas ao sol quente do Alentejo. Mas, no geral, há camaradagem, espírito criativo e de iniciativa entre nós.
Preferes pintar sozinho ou em grupo?
Kunga Acho que pintar sozinho é bom e faz bem, conseguimo-nos focar melhor, ser mais produtivos e não há pressões exteriores..., mas “epá” nada bate uma tarde com o pessoal a pintar, beber e falar de tudo um pouco. Tenho de escolher pintar em grupo, definitivamente.
Loz Com pessoal, claro! Adoro estar a pintar com pessoal (de preferência conhecido), gozar uns com os outros do principio ao fim, sempre a rir e, no final, beber umas (tipo troféu).
Nyfe Gosto de pintar em grupo, pela união, camaradagem, conhecer outro pessoal e aprender novas cenas. Mas estar sozinho não me impede de pintar e, às vezes, até faz bem.
Com quem gostas de pintar?
Kunga Com a minha crew, principalmente. Mas não me importaria de pintar com qualquer pessoa que tenha gosto pelo que faz. Acho que pintar pode ser um elo de conexão entre todos nós.
Loz Epá, gosto de pintar com malta conhecida e gosto de aprender. Se for com pessoal que não conheço é na boa também.
Nyfe Pessoal da minha crew (os DMC) e também com amigos chegados e malta com mais anos e experiência no graff.
Quais são os teus spots / cidades preferidos?
Kunga Eu, normalmente, só pinto aqui em Évora. Então, tenho de marcar a cidade como preferida para tal. Talvez, no futuro, pinte em mais sítios e as minhas preferências mudem.
Loz Epá, claro. Em primeiro, Margem Sul. De Setúbal a Almada, sinto-me em casa, foi aqui que cresci e me tornei homem, sou filho de imigrante, é aqui que está a minha cultura.
Nyfe Gosto de procurar e explorar spots por aí, dentro ou fora da cidade. Viadutos, linhas de comboio, chapas, walls velhas ou spots abandonados. Por vezes, curto pintar nas calmas, outras vezes gosto de fazer spots mais arriscados e spots fora da minha
zona. Depende, um bocado, de como me sinto.
Wall of fame, Street bombing ou Train bombing?
Kunga Wall of Fame, porque gosto de estar tranquilo a pintar sem ter de olhar por cima do ombro para saber se alguém me vai apanhar. Isso não é muito o meu estilo.
Loz Epá, eu adoro os 3 mas, para ser sincero, eu descarrego a minha adrenalina de outras formas. Já tenho problemas suficientes. Eu uso a pintura e o graff para me acalmar, para me esquecer do que está à minha volta e esqueço-me mesmo. É a única cena na vida que me cega, esqueço-me de tudo quando estou a pintar, nem ouço pessoal a falar comigo, muitas das vezes. É lindo. Daí preferir o Wall of Fame e comboios nunca fiz.
Nyfe Gosto de pintar na rua e de adrenalina no geral (sentir cada risco que faço).
Fames poucos fiz e trains tenho pouca experiência, só dei check no pessoal que pintava. Mas quero entrar nessa vertente também e começar a ver as minhas peças em movimento sobre os carris.
Como é o teu processo criativo e onde vais buscar as tuas inspirações?
Kunga Eu acho que muita da minha inspiração provém das coisas que vejo outros artistas a fazer. Acho que o trabalho dos outros me influencia demasiado, o que não é bom, mas, infelizmente, acontece... Por outro lado, acho que ver o pessoal ser criativo me motiva. Então, quando isso acontece, lá vou eu agarrar no meu sketch book e desenvolver umas ideias. Para ser sincero, devia desenhar mais.
Loz As minhas inspirações vêm da maneira como fui criado, da minha cultura, memória visual, do trabalho ao longo do tempo, das experiências ... Tento estar sempre a par do que se está a passar, atento ao trabalho dos outros, atento ao que se faz e, claro, ouvir criticas, avaliá-las e ver se fazem sentido.
Nyfe Um misto entre writers da velha e da nova escola do graff e também fontes e bonecos de banda desenhada, videojogos e cartoons. Não sou de estilos muito complicados, gosto de simplicidade, letras legíveis e formas rápidas.
Pintas com sketch ou freestyle?
Kunga Gosto de pintar com sketch desenhado previamente e ter as minhas referências. Também me posso atirar à parede de freestyle, mas não é bem a minha praia.
Loz Epá, isso depende bué. Se for um trabalho a pagantes tenho de ir preparado para a guerra. Pode sempre haver um improviso, mas é mínimo. Se for na brincadeira, já é outra história. Aí já gosto de pintar sem estar a olhar para alguma coisa.
Nyfe Ao início, pintava sempre com sketch. Agora, conhecendo melhor a minha cena (ainda que básica), já sou capaz de chegar ao sítio e improvisar com umas cores bacanas ou então a silver, que fica mais barato e leva menos tempo.
O que toca na tua playlist quando pintas?
Kunga Hip Hop, sempre! Eu sou um “Hip Hop Head” e não me desvio muito disso, apesar de tentar manter a playlist sempre “fresh”, ao explorar todos os sub-géneros deste estilo musical. Neste momento, na minha playlist consegues apanhar de tudo um pouco, como Wu Tang Clan, Nate Dogg, 2PAC, SL, Skepta, Nines, Pa Salieu, MF DOOM, Tyler the Creator, Joey Bada$$, The Mouse Outfit, Giggs, Ab-soul, Halloween, Racionais MC’s, Central Cee, entre outros ... Sei lá, passa tanta coisa por aquele telemóvel, ahahah!
Loz Hip hop, sempre. 24/7!
Nyfe Não costumo pôr música quando pinto, costumo distrair-me. Se for uma sessão chill com a malta, normalmente, são eles que metem o som. Se for eu a pôr, opto por
hardcore, punk ou metal.
Qual é a tua lata preferida?
Kunga Gosto bastante de Montana 94. É mais cara, mas penso que o preço revela qualidade.
Loz Montana Gold, mas nunca pintei com as Belton!
Nyfe Loop Colors, pressão fixe e boa cobertura. Se bem que costumo usar mais Montana Hardcore.
Como descreves o panorama atual do graffiti em Portugal?
Kunga Acho que estamos num bom caminho. Acho que o Graffiti em Portugal está a tornar-se mais conhecido e há muito boa gente a fazer bastante dinheiro com as suas habilidades. Consegue-se fazer uma vida disto, coisa que há 20 anos atrás era provavelmente impossível.
Loz FORTE, PUSSY, TACHADAS. Mas não é só em Portugal.
Nyfe Muito pessoal novo a pintar, uns com atitude e outros nem por isso. Pessoal pioneiro e da velha escola a continuar a cena deles. Pessoal que simplesmente decide parar de pintar por “motivos prioritários”. A ideia de graffiti = vandalismo mais suavizada e tolerante, com um maior interesse das pessoas pelos murais. Mas ainda continua a ser considerado vandalismo em muitos casos.
Qual é o teu top 3 de writers portugueses?
Kunga Eu sou uma pessoa que aprecia mais “characters” do que propriamente “letters”(apesar de conseguir ver a sua qualidade), então o meu top pende mais para esse lado. Acho que o meu top é tipo o ODEITH, o SMILE e o SAMINA. Mas de letters gosto, por exemplo, do MOSAIK e do BRAY.
Loz Epá, o top 3 tuga é o clássico quarteto brunolozsantos, lefunky, ismo e kunga.
Nyfe Aneph, Secso, Sudae, Cola, Fynd, Syze, Task, Sen, Wasp, Kams, Mulog, Mal, Snek, Trauma, Seeyr, Hatori Pabllo, Medoz … é difícil escolher, mas apoio, maioritariamente, pessoal do bombing ou pessoal profissional na cena.
E de writers estrangeiros?
Kunga Bem, estrangeiros já é mais difícil... mas posso falar no top que está na minha lista de pesquisas, por exemplo, e esses são o GENT48, o SAINER e o NYCHOS.
Nyfe Rasko, Eter, Utah, Ja, Oker, Seen, Revok, Timek, Suave, Riots, Saber… entre muitos outros, já com reconhecimento ou pioneiros na cena.
Qual é o teu melhor trabalho?
Kunga Acho que o meu melhor trabalho, não por técnica mas mais pelo significado, foi quando fiz um retrato do meu falecido pai na parede que temos autorização para pintar no Pólo dos Leões da Universidade. Acho que foi uma pintura em que me empenhei e levei bastante a sério e que acabou por resultar bastante bem.
Loz Para mim, não tenho melhor trabalho. Até porque, a meu ver, tenho estado sempre a evoluir desde 2017. Isso faz com que, pouco tempo depois da conclusão do último projeto, sinta que "se fosse agora, já fazia bem melhor". Mas do que mais me orgulho, foi do último, o do gato. Senti que estava a chegar a algum lado com o estudo que tenho andado a fazer.
Nyfe Até agora, não considero ter um melhor trabalho. Já me disseram para me focar mais no figurativo e bonecos, mas não consigo fugir à raiz do graff, que é o texto (letras).
Quais são os teus planos / projetos futuros?
Kunga Os planos para o futuro são continuar a pintar, não desistir desta parte da minha vida, continuar a evoluir em termos de técnica e qualidade de trabalho e fazer pinturas cada vez maiores e melhores. Ver, também, se mais pessoas começam a conhecer o meu trabalho e se isso me traz algumas comissões. Afinal de contas, um artista também tem de comer!
Loz Planos, trabalhar todos os dias, para mim! Os outros, por ventura, logo aparecem.
Nyfe Pintar mais e melhor, conhecer novas zonas, spots e writers, começar a bombar trains, espalhar a minha tag por aqui e acolá, ... No geral, ter reconhecimento dentro da cena, divertir-me não só com o graff mas também com a questão das artes em si e, quem sabe, viver das artes…
Tens alguma história que queiras partilhar?
Kunga Bem, em 8 meses ativos nesta vida do Graffiti, infelizmente já fui apanhado pela polícia e tive de pagar multa. Espero que não se repita, mas parar de pintar não é uma opção!
Loz ---
Nyfe Nada de muito especial. Uma vez, em que eu estava a pintar rente a uma estrada, abranda uma carrinha branca na outra faixa e o gajo grita do nada: “BORA, BORA!!! CARREGA BENFICA!!!”, e segue caminho. Talvez fosse pelo fundo da peça ser vermelho, não sei. Não consegui deixar de rir, na altura… XD
Props?
Kunga Claro que sim! Props à minha Crew “DMC” e a todos os seus membros (Ainda temos muitas aventuras pela frente, meus putos!). Props a quem me segue e gosta do meu trabalho, o apoio que sinto dá-me ainda mais vontade de sair lá para fora e pintar. Props a ti, por teres tirado um pouco do teu tempo para me fazeres estas perguntas e partilhares um pouco da minha mente. E por fim, props à minha mãe, por ser uma querida e aguentar todas as minhas loucuras, és um Anjo!
Loz Props=dedicado=salvé=cumprimentos, etc.
Nyfe À minha crew (os DMC) e pessoal com que já pintei e conheci em pessoa: Funky, Paor, Jaym, Ismo, Loz, Fome, Kunga, Iner, Xupa, Asme, Gods, Lola, Skillow, Res, Osie, Mira, Pok, Feio, Hilk, Ekou, Dero, Monk, Raiva, Lote, Seno …
Um grande obrigado aos três e à malta de Évora. E parabéns ao Nyfe, pelo seu primeiro train. :D
Fotografias / Photos: Kunga, Loz, Nyfe & Da Chic Thief
ENG
With each passage through Évora I bring another hand full of talent.
After an afternoon well spent, in which I was able to get to know some of the crew's spots, a new triple interview was combined.
After Kunga, Loz also accepted the invitation. Despite living on the South Bank, he often goes to Évora, for jams or for the execution of pieces around the city, highlighting the works of the University Residence, the Fire Station or the Municipal Kennel.
They were joined by Nyfe, an adept of bombing.
Get to know them a little better.
What is the meaning of your tag?
Kunga Well, good question... my tag, my nickname, is something that has been with me almost since I was born. As long as I can remember being someone, I've always been “KUNGA”. It's a name that my closest family and friends always called me because of the way I treated my late maternal grandmother. For me, when I was little, she was my grandmother “KUNGA”. I have no idea why I called her that, as her name was “Helena”. But well, I invented that word, it stuck in the ears of people and so it continued and “KUNGA” was born, me.
Loz The Loz tag has no meaning. It was an improvised name for the street that was later incorporated into my name, for the legal side.
Nyfe My tag comes from the English term “Knife” (Knife) but abbreviated to the sound pronunciation “NYFE”. At the time, I wanted to change my tag, as I didn't like the name or the letters I used at the beginning. As it seemed to me an original name (there was no one to write it) and that it sounded good to the ear, I stayed with the NYFE and swore not to change tags anymore.
Do you have an art background?
Kunga Yes. I studied Arts from my 10th year (back to 2008) until 2019, when I finished my Masters in Design Art in England.
Loz Epá, I have a degree in Design and my education has always been in art schools. I've always had drawing classes but I've never had painting classes, for example, or even training in visual arts.
Nyfe 12th year in Visual Arts and I'm currently doing a degree in the same area. In general, I like art, namely avant-garde art, and I think graff fits into this aspect.
When did you start your interest in graffiti and what were your influences at the time? Kunga I think I've always had that interest in “Graffiti” because I'm interested in Hip Hop culture in general. I don't know, when I was young my style was very influenced by my cousins and at that time it was common to wear FUBU hats and clothes and listen to rappers like 50 Cent and Nigga Poison (among others). So, combining my love for drawing with my taste for Hip Hop culture could only culminate in my interest in “Graffiti” as well. I think I got the first time in a spray can quite young, like 11 years old, but that didn't stick, because there was no one else doing it around here. So, I was focusing on other ways of making Art. Loz My interest before graffiti was in hip-hop culture, since always. By chance, I had a connection with all aspects from a very early age, including graff. In the late 90s/early 2000s, it was more of a gang scene than a graff one but, ya, we were acting. Unfortunately or fortunately, at the time I had other plans and graff didn't pay euros, I focused more on fast money than on long-term investment and only opened my eye in 2017. From then on, I started to represent the street again. As for the street art scene, for me it was an automatic process. I always painted at home, canvases, etc and when I unlocked it in 2017, I started training in the street, with a brush, with cans, with whatever was available. After a short time, I started to have clients and they even gave me a facade of a building, it was the moral I needed. Street art for many, for me it's just painting on the street, it's on the street that I feel good, I love it. The influences were the gangsters in my area and after that Can2 and Seen. At the time, there was no internet, we had little access, there was a magazine from some guy and it was already done! Nyfe My interest started around my teens, although at the time, what I was doing were stencils inspired by bands from the hardcore punk scene (like: punks not dead, anarchist symbols, skulls with mohawks… XD). In other words, nothing to do with the graff scene itself. Also something that fascinated me, since I was a kid, were the bombs made on the plates of highways and railway lines, the graff on trains and, in general, all that text, puppets, colors, shapes, effects. And I thought, one day, to venture into this type of art. At the time, still without any kind of knowledge inside the graff.
What was the graffiti scene like when you started?
Kunga If we separate "Street Art" from "Graffiti" (although, for me, "Graffiti" is a branch of "Street Art"), we have two beginnings, at least in my case. In the "Street Art" part, making murals, landscapes, "letterings" and faces (all with brush on walls and scenes like that), I started still in 2013, with work for the university and some murals for clubs and friends. I think that, at that time, there were already some people from the university who painted with can, but I never felt interested in exploring this area with them here in Évora. In the case of “Graffiti”, honestly, I can only say that I started to join the movement in November of last year. Before that, I had only had experiences with a few cans, but nothing special. Last year, yes, I started to leave the house and go meet the people to paint and I started to really learn what was necessary to become “acceptable” in this world. And, yes, there were already enough people to paint here (FUNKY, LOZ, ISMO, among others...).
Loz I can only say that I really started in 2017. Before, it was just for fun. But from 17 to date I think it's the same, a little more pussy, both the movement and the "super scene, bué cool, fashion, streetart". But the whole world goes that way, so ...
Nyfe I only started to become more attached to graff itself when I finished high school and went to college to study visual arts, which was when I started to really learn the basics of graffiti with people who were already in the scene (Funky, Jaym, Paor, etc). They taught me the fundamentals. At the time, like any toy at the beginning, I tried to “invent” my lyrics without understanding the essentials (structure, shape, style …) and it was frustrating not to get the result I wanted. Basically, I wanted to run before I knew how to walk … XD but, with practice and mistakes, I learned and, despite not being the best at lettering, I saw my scenes evolve considerably in relation to what I was doing at the beginning and I went managing to draw on paper and reproduce it on the wall. Today, I consider myself a basic writer, I deal with the main and the basics that I learned, but I still have a long way to go within this art and lifestyle that is Graffiti.
What are your crews?
Kunga DMC (Drunk Master Crew). It took a while but they let me in! Ahahah!
Loz In my real crew nobody paints. But, yes, I have a crew with some guys (who are my friends) from Évora - DMC.
Nyfe The DMC (Drunk Masters Crew), who received me with all the sympathy and helped me and have helped to improve. Each one with its own style, we like to paint and drink some fresh beers in the hot Alentejo sun. But overall, there is camaraderie, creative spirit and initiative among us.
Do you prefer to paint alone or in a group?
Kunga I think painting alone is good, we manage to focus better, be more productive and there are no outside pressures ... , but “hey” nothing beats an afternoon with people painting, drinking and talking a little about everything . I have to choose to paint in a group, definitely.
Loz With staff, of course! I love to be painting with people (preferably known), making fun of each other from beginning to end, always laughing and, in the end, drinking some beers (like a trophy).
Nyfe I like to paint in groups, for the union, camaraderie, meeting other people and learning new scenes. But being alone doesn't stop me from painting and, sometimes, it's even good.
Who do you like to paint with?
Kunga With my crew, mainly. But I wouldn't mind painting with anyone who has a taste for what they do. I think painting can be a connecting link between us all.
Loz Epá, I like to paint with known people and I like to learn. If it's with people I don't know, it's good too.
Nyfe Staff from my crew (the DMC) and also with close friends and guys with more years and experience in graff.
What are your favorite spots / cities?
Kunga I usually only paint here in Évora. So, I have to mark the city as preferred for that. Maybe in the future I'll paint in more places and my preferences will change.
Loz Of course, first, South Bank. From Setúbal to Almada, I feel at home, it was here that I grew up and became a man, I am the son of an immigrant, this is where my culture is.
Nyfe I like to search and explore spots around, inside or outside the city. Viaducts, railway lines, sheets, old walls or abandoned spots. Sometimes I like to paint calmly, other times I like to do more risky spots and spots outside of mine zone. It depends, a lot, on how I feel.
Wall of fame, Street bombing or Train bombing?
Kunga Wall of Fame, because I like to be calm when painting without having to look over my shoulder to see if someone is going to catch me. That's not really my style.
Loz Epá, I love the 3 but, to be honest, I unload my adrenaline in other ways. I have enough problems already. I use paint and graff to calm myself, to forget my surroundings and forget myself. It's the only scene in life that blinds me, I forget everything when I'm painting, I don't even hear people talking to me, very often. It's beautiful. Hence I prefer the Wall of Fame and trains I never did.
Nyfe I like to paint on the street and adrenaline in general (feeling every risk I take). I did few fames and trains I have little experience, I only checked on the people who painted. But I want to get into that aspect too and start seeing my pieces moving on the rails.
How is your creative process and where do you get your inspirations?
Kunga I think a lot of my inspiration comes from the things I see other artists doing. I think the work of others influences me too much, which is not good, but unfortunately it happens... On the other hand, I think seeing people being creative motivates me. So, when that happens, there I go to grab my sketch book and develop some ideas. To be honest, I should draw more.
Loz My inspirations come from the way I was raised, my culture, visual memory, work over time, experiences ... I always try to be aware of what is going on, attentive to the work of others, attentive to what you do and, of course, listen to criticisms, evaluate them and see if they make sense.
Nyfe A mix between writers from the old and new school of graff and also fonts and comic strip figures, video games and cartoons. I'm not very complicated in styles, I like simplicity, legible letters and quick shapes.
Do you paint with sketch or freestyle? Kunga I like to paint with a previously drawn sketch and have my references. I can also hit the wall in freestyle, but it's not really my thing. Loz Epá, that depends a lot. If it's a paying job, I have to go prepared for war. There can always be an improvisation, but it's minimal. If it's for fun, it's another story. There I already like to paint without looking at something. Nyfe At first, I always painted with sketches. Now, knowing my scene better (albeit basic), I'm able to get to the place and improvise with cool colors or silver, which is cheaper and takes less time. What plays on your playlist when you paint? Kunga Hip Hop, always! I'm a Hip Hop Head and I don't deviate much from that, despite trying to keep the playlist always fresh, by exploring all the sub-genres of this musical style. Right now, in my playlist you can catch a little bit of everything, like Wu Tang Clan, Nate Dogg, 2PAC, SL, Skepta, Nines, Pa Salieu, MF DOOM, Tyler the Creator, Joey Bada$$, The Mouse Outfit, Giggs, Ab-soul, Halloween, Racionais MC's, Central Cee, among others... I don't know, so much goes through that cell phone, ahahah! Loz Hip hop, always. 24/7! Nyfe I don't usually put music on when I paint, I tend to be distracted. If it's a chill session with the guys, they're usually the ones putting the sound on. If I'm the one, I choose to hardcore, punk or metal.
What is your favorite can? Kunga I really like Montana 94. It's more expensive, but I think the price reveals quality. Loz Montana Gold, but I never painted with the Beltons! Nyfe Loop Colors, tight pressure and good coverage. Although I tend to use more Montana Hardcore. How would you describe the current panorama of graffiti in Portugal? Kunga I think we are on a good path. I think Graffiti in Portugal is becoming better known and there are very good people making a lot of money with their skills. You can make a living out of it, something that 20 years ago was probably impossible. Loz STRONG, PUSSY, INFLUENCES. But it's not just in Portugal. Nyfe Lots of new people to paint, some with attitude and others not really. Pioneer and old school folks continue their scene. People who simply decide to stop painting for “priority reasons”. The idea of graffiti = vandalism smoother and more tolerant, with people becoming more interested in murals. But it is still considered vandalism in many cases.
What is your top 3 Portuguese writers?
Kunga I'm a person who likes more characters than letters (although I can see their quality), so my top leans more towards that side. I think my top is like ODEITH, SMILE and SAMINA. But with letters I like, for example, MOSAIK and BRAY.
Loz Epá, the top 3 tuga is the classic quartet brunolozsantos, lefunky, ism and kunga. Nyfe Aneph, Secso, Sudae, Cola, Fynd, Syze, Task, Sen, Wasp, Kams, Mulog, Mal, Snek, Trauma, Seeyr, Hatori Pabllo, Medoz … hard to choose, but mostly support, bombing personnel or personnel professional on the scene.
And foreign writers?
Kunga Well, foreigners is already more difficult... but I can mention the top that is on my research list, for example, and these are GENT48, SAINER and NYCHOS.
Nyfe Rasko, Eter, Utah, Ja, Oker, Seen, Revok, Timek, Suave, Riots, Saber… among many others, already recognized or pioneers in the scene.
What is your best work?
Kunga I think my best work, not for technique but more for meaning, was when I made a portrait of my deceased father on the wall that we have permission to paint at the University's Lions Pole. I think it was a painting that I worked on and took very seriously and that turned out to be very good.
Loz For me, I have no better job. Also because, in my view, I have been constantly evolving since 2017. This makes me feel that, shortly after the completion of the last project, "if it was now, I would have done much better". But what I'm most proud of was the last one, the cat. I felt I was getting somewhere with the study I've been doing.
Nyfe So far, I don't think I have a better job. I've been told to focus more on figurative and puppetry, but I can't escape the root of graff, which is text (letters).
What are your future plans / projects?
Kunga The plans for the future are to continue to paint, not to give up on this part of my life, to continue to evolve in terms of technique and quality of work and to make bigger and better paintings. Also, see if more people get to know my work and if that brings me some commissions. After all, an artist has to eat too!
Loz Plans, work every day, for me! The others, by chance, soon appear.
Nyfe Paint more and better, discover new areas, spots and writers, start bombing trains, spread my tag here and there, ... In general, have recognition within the scene, have fun not only with graff but also with the question of the arts itself and, who knows, living off the arts...
Do you have a story you want to share?
Kunga Well, in 8 active months in this life of Graffiti, unfortunately I was caught by the police and had to pay a fine. I hope it doesn't happen again, but stopping painting is not an option!
Loz ---
Nyfe Nothing too special. Once, when I was painting close to a road, slows down a white van in the other lane and the guy shouts out of nowhere: “BORA, BORA!!! CARREGA BENFICA!!!”, and continues on the way. Maybe it was because the bottom of the piece was red, I don't know. I couldn't help but laugh at the time… XD
Props?
Kunga Of course! Props to my Crew “DMC” and all its members (We still have a lot of adventures ahead, my kids!). Props to those who follow me and like my work, the support I feel makes me even more willing to go out there and paint. Props to you, for taking a little of your time to ask me these questions and share some of my mind. And finally, props to my mother, for being a darling and putting up with all my craziness, you are an Angel!
Loz Props=dedicated=salvé=greetings, etc.
Nyfe To my crew (the DMC) and people I've painted and met in person: Funky, Paor, Jaym, Ismo, Loz, Fome, Kunga, Iner, Xupa, Asme, Gods, Lola, Skillow, Res, Osie, Mira, Pok, Feio, Hilk, Ekou, Dero, Monk, Raiva, Lote, Seno …
A big thank you to the three and to the guys from Évora. And congratulations to Nyfe on his first train. :D
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